Por Luiz Roberto Marinho – Antes conversa de bastidores, agora é pública a disputa eleitoral no Distrito Federal, de 2,8 milhões de habitantes, terceira maior capital em população, dos quais 2,2 milhões estão aptos a votar. O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), anunciou ontem, em solenidade de assinatura de ordem de serviço para obras de um hospital, que será candidato ao Senado.
E disse mais: a vice-governadora, Celina Leão, do partido Progressistas, que assume o GDF em abril de 2026, com a desincompatibilização de Ibaneis, “se for da vontade dela, deve ser candidata à reeleição”, declarou ele, em alto e bom som. Vai haver disputa acirrada nas eleições do DF.
Fenômeno eleitoral em 2018, quando saiu de menos de 1% na pesquisa de intenção de votos para derrotar com folga no segundo turno a esquerda do governador Rodrigo Rollemberg (PSB), candidato à reeleição, reeleito no primeiro turno em 2022, Ibaneis tem a vantagem de disputar duas vagas para o Senado em 2026.
Deverá ter a desvantagem, contudo, de dividir a direita no DF, capital que sempre votou massivamente em Jair Bolsonaro, tanto em 2018 (46% contra 29,2% de Fernando Haddad), quanto em 2022 (58,8% contra 41,19% de Lula).

Nascido em Brasília, mas de origem piauiense, 51 anos, próspero advogado, Ibaneis deve ter como concorrentes ao Senado a ex-primeira dama Michelle Bolsonaro, filiada ao PL, e a deputada federal Bia Kicis, também do PL, uma bolsonarista-raiz. A esquerda do DF não tem, até agora, um pré-candidato de peso ao Senado.
Seu afastamento do GDF em 2023, por pouco mais de dois meses, devido à baderna de 8 de janeiro, deu visibilidade a Celina Leão, ex-deputada federal, que trocou uma reeleição praticamente certa para a Câmara para ser vice de Ibaneis.
Ativa, Celina foi uma das principais articuladoras do grande movimento das lideranças políticas e empresariais de Brasília que manteve intacto, na votação da reforma tributária, o Fundo Constitucional do Distrito Federal, responsável pela maior parte dos salários na segurança pública, saúde e educação do GDF.
Mesmo depois da volta ao cargo, em março de 2023, Ibaneis tem dado amplo espaço a Celina, sempre presente em inaugurações e decisões administrativas do governo e, portanto, mantendo ampla visibilidade, apesar de vice.
Seu potencial adversário da esquerda, o sociólogo Leandro Grass, do PV, candidato derrotado ao GDF em 2022 e colocado como compensação na presidência do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), foi tornado inelegível por oito anos pelo Tribunal Regional Eleitoral, por desinformação na campanha eleitoral. Está recorrendo ao TSE, mas deve virar carta fora do baralho.