Janaína Paschoal: “Não descarto sair candidata à prefeitura de São Paulo”
Janaína Paschoal: “Não descarto sair candidata à prefeitura de São Paulo”
Por Ricardo Antunes.
Na segunda parte desta entrevista exclusiva, a deputada estadual Janaína Paschoal avalia o cenário das eleições municipais. Ela não descarta uma candidatura à Prefeitura de São Paulo, tendo feito críticas ao atual prefeito Bruno Covas (PSDB), que deve disputar a reeleição. Você confere abaixo:
Ricardo Antunes: “Deputada, vamos começar por uma pergunta enviada por um leitor do nosso blog. Por quê, ao invés de sair como candidata a deputada federal, a senhora optou pela candidatura a deputada estadual? E de que forma avalia que está contribuindo para a melhoria do país?”
Janaína Paschoal: “O convite que eu recebi na época era para sair à vice-presidência, mas isso demandaria uma mudança muito drástica na minha vida familiar. A minha família não queria ir para Brasília. Na medida em que eu fiz a proposta para o presidente de abrir um polo da vice-presidência aqui, eu ficaria sediada em São Paulo e visitaria os outros estados a partir de São Paulo, mas essa proposta não foi bem recebida pelo entorno do presidente.
Eu falei: ‘Presidente, não existe uma obrigatoriedade de o vice-presidente morar em Brasília, inclusive por questões estratégicas e até de segurança, eu entendo que é interessante o vice ficar num lugar bem longe do presidente’. E o que eu propus para ele foi: ‘Enquanto o senhor viaja, é claro, eu vou para Brasília, assumo as funções. Quando o senhor estiver em Brasília, eu fico em São Paulo’. Na época, existia um escritório da presidência na Avenida Paulista.
Eu falei: ‘A gente reativa esse escritório, eu fico sediada em São Paulo, quando o senhor precisar que eu vá a Brasília eu vou’. Eu tinha o plano de fazer como se fosse os olhos dele em outros estados. No lugar de eu partir de Brasília, eu partiria de São Paulo. A ideia é boa. Eu propus isso a ele mais de uma vez quando nos reunimos. Mas no dia em que ele participou do Roda Viva, nós falamos mais detalhadamente sobre isso. Eu fiz essa proposta um pouco antes do programa e achei que ele gostou.
O presidente é uma pessoa muito calada, mas o povo mais próximo a ele é muito ciumento, deve ter achado: ‘quem é essa mulher que chega aqui fazendo proposta?’. Então, na medida em que não deu certo a vice-presidência, eu não iria sacrificar a minha família por nenhum outro cargo”.

RA: “E a partir daí, você decidiu ficar em São Paulo”.
JP: “Decidi ficar em São Paulo para poder ter a liberdade de fala que a condição de parlamentar me confere. Sigo antenada com tudo o que acontece no Brasil, atenta, fazendo as críticas que me parecem cabíveis, defendendo o que precisa ser defendido.
RA: “Seu nome é obviamente citado para uma candidatura majoritária. Você não acha que estaria no tempo certo? Como você enxerga a opinião das pessoas que acham que você poderia ser candidata a prefeita ou a governadora? Já pensou na possibilidade de ter mais poder para fazer transformações?”.
JP: “Eu entendo que o meu perfil, muito dinâmico, tem tudo a ver com o executivo. Eu não consigo ficar parada, não gosto de ter que esperar. Eu gosto de resolver. Então o meu perfil está muito condizente com o executivo e eu acho que o preparo é inegável. Mas eu nunca sonhei em ser prefeita. Uma pessoa pode estar em condições de abraçar vários projetos de vida, estar capacitado para vários projetos e não querer. Eu não quero ser prefeita. Tem outros bons quadros que querem e eu acho que eu tenho de estar livre para 2022, mas não sei o que vai acontecer”.
RA: “Então não descarta sair candidata a governadora?”.
JP: “Não faço planos, mas não descarto”.
RA: “Como está vendo a sucessão aqui em São Paulo? Como você avalia a gestão do prefeito Bruno Covas?”.
JP: “Eu tenho muito respeito pelo prefeito, fui lá fazer uma visita de solidariedade a essa condição que ele está enfrentando, oro para que ele se recupere, mas eu não gosto da gestão do prefeito. Ele decidiu construir um parque em cima do minhocão, que é uma via de trânsito importantíssima para a cidade, não só para São Paulo mas para as cidades vizinhas, para a Região Metropolitana toda. Essa obra vai impactar o trânsito, uma obra sem muita explicação. Está agora concedendo o parque Ibirapuera para uma empresa envolvida na (operação) Lava Jato.

RA: “O PSL pode lançar Joice Hasselmann?”.
JP: “Vai lançar, mas eu não sei se eu vou votar nela. Eu vou votar na melhor candidata ou no melhor candidato. Na melhor proposta. E ouso dizer, na melhor dupla. Porque o brasileiro tem mania de desmerecer o vice e eu venho dizendo, não é de hoje: ‘a nossa história é marcada pelos vices’. Então a gente tem que olhar a dupla, não é só quem está na cabeça da chapa”.
RA: “Deputada, qual a sua avaliação com relação ao governo de João Dória?”.
JP: “Tem pontos positivos e pontos negativos. O governador tem um ponto no qual a gente se parece muito: ele é agitado, gosta das coisas caminhando, é dinâmico, vem aqui conversar com os deputados e eu vejo isso como um ponto muito positivo. Por outro lado, e aí é uma avaliação pessoal, me desagrada muito esse perfil midiático. É muita propaganda, muito dinheiro para publicidade. Inclusive eu apresentei, recentemente, um projeto para limitar esses gastos em publicidade.
O povo não ganha nada com esse tipo de publicidade vazia. É um projeto polêmico. Gastar dinheiro com campanhas de instrução à população tudo bem, agora para promoção de governo? Campanha eleitoral por quatro anos? Eu tenho essa divergência forte com o governador, mas isso não impede de reconhecer os pontos positivos do estilo dele, do governo dele”.
*A entrevista com a deputada estadual Janaína Paschoal foi concedida ao jornalista Ricardo Antunes no dia 18 de fevereiro de 2020, em São Paulo, com duração de 33 minutos.







