Encontrado morto sob escombros após as chuvas do Guarujá, o cabo dos bombeiros Marciel de Souza Batalha, de 46 anos, usou um bote para salvar vidas durante a tragédia que deixou 43 mortos e 26 desaparecidos na Baixada Santista. Em meio a enchente, Batalha chegou a remar em áreas do Morro do Macaco Molhado, onde ainda conseguiu resgatar dos escombros Arthur Rafael de Lima, de 10 meses.
De lá, levou o bebê ao hospital, que não resistiu aos ferimentos. Ao retornar para salvar a mãe da criança Thatiana Lopes de Lima, de 25, Batalha acabou atingido por uma queda de barreira.
O corpo do cabo foi encontrado na noite de segunda-feira, quando completou quase uma semana que o corpo estava desaparecido desde o último dia 3, no Morro do Macaco Molhado.
O bombeiro foi homenageado em cortejo pelo Guarujá nesta terça-feira, quando foi velado e enterrado.
Batalha era conhecido por seu jeito extrovertido e brincalhão. Ele e o cabo Rogério Moraes, também morto no desabamento, eram amigos há 20 anos desde que ingressaram na corporação no curso de formação na escola superior de soldados da PM, em Santos.

As chuvas do Guarujá deram o sinal para que Batalha e Moraes fossem alçados a condição de heróis. Horas antes, eles já haviam salvo uma família ilhada pela enchente numa casa no distrito de Vicente de Carvalho, no Guarujá.
Durante o chamado, os cabos contaram com a ajuda do soldado Juan Emanuel Alves dos Santos, a quem Batalha chamava carinhosamente de “filho”. A essa altura a enchente fez com que os três bombeiros tivessem que usar um bote a remo para chegar ao Morro do Macaco Molhado.
— Batalha me disse : ‘filho fica aí no bote que eu vou resgatar a mãe do bebê’. Depois disso, não voltou mais – conta o soldado, muito emocionado. — O Batalha era muito brincalhão. Estava sempre descontraindo o ambiente. Era bem autêntico. Ele me acolheu desde que eu cheguei.
Comandante do posto de bombeiros do Guarujá, o tenente Heriberto Andrade afirma que perdeu dois irmãos:
— O Batalha faz aniversário junto comigo em agosto. A gente fez a nossa festa juntos. Eu lembro dele pedindo a palavra e animando a todos. Era um cara muito positivo — afirma o tenente, que é superior hierárquico dos cabos.
Outro superior, o capitão Thiago Pinheiro Duarte, do 6° Grupamento de Bombeiros, também estava muito abalado:
— O Batalha era um motivador, um cara que sempre animava a todos, mas ao mesmo tempo era muito dedicado e competente. Vai fazer muita falta – afirma Duarte, muito emocionado.
Batalha deixou a mulher e uma filha de 25 anos.
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