Por Ricardo Antunes — Não bastasse a presença de socialistas indesejados na Empetur, os mesmos não têm sequer pudor de promover uma gastança com diárias pagas pela estatal. A governadora Raquel Lyra (PSDB) está por um fio de canetar a saída dos infiltrados, mas esbarra na diplomacia. Afinal, o fiador dos socialistas é Eduardo Loyo, presidente da Empetur e filho do dirigente estadual do PSDB, Fred Loyo, que assumiu o cargo com a benção do ex-senador Armando Monteiro, que deixou o ninho tucano e está filiado ao Podemos.
Trazido de volta à empresa estatal por Loyo, o diretor de Marketing e Comunicação, Diogo Beltrão, é um craque quando se trata de gastar o dinheiro público. Só até maio deste ano, já abocanhou mais de R$ 60 mil, em despesas comprovadas pela Lei de Acesso à Informação (LAI) e que constam no Portal da Transparência.
Como justificativa, alegou participação em eventos e até pediu complementação de diária – o que, no popular, indica que gastou mais do que deveria, pelos padrões públicos.

Diogo Beltrão recebeu R$ 12,7 mil para participar de oito dias de um evento na Espanha. Outras cifras exorbitantes foram de R$ 27,5 mil para 20 dias de roadshow e eventos em Portugal e na Alemanha. Não satisfeito, aliás, o servidor pediu complemento de diárias no valor de R$ 1.500 para este mesmo período. Isso mesmo. R$ 1 mil e 500 reais.
Em cinco meses, o rapaz embolsou mais do que o ano passado, quando recebeu R$ 43 mil em diárias. Na época, era assessor de Projetos Estratégicos.
Amigo e apadrinhado pelo presidente Eduardo Loyo, Beltrão recebeu quase seis vezes mais em diárias do que a governadora Raquel Lyra no mesmo período. A tucana foi reembolsada com R$ 13 mil em 2023, após viagem realizada para a Conferência das Nações Unidas. Já este ano, ela somou R$ 4,5 mil por uma viagem oficial aos Estados Unidos. Portanto, R$ 17,4 mil em dois anos, período em que Beltrão levou R$ 104 mil. “É uma verdadeira farra”, comentou um servidor concursado que já viu muita coisa em 20 anos de Empetur. “Aqui já passou de tudo”, completou.
Currículo
Diogo Campelo do Monte Beltrão é uma figura conhecida nas administrações do PSB em Pernambuco. Ele começou a trabalhar no órgão em 2015 e permaneceu até 2019, quando passou a atuar na Prefeitura do Recife na gestão de Geraldo Júlio. E continuou na prefeitura até dezembro de 2022, já sob o governo de João Campos, e retornou ao Governo do Estado no início do mandato de Raquel Lyra. Essas informações constam em sua própria página no LinkedIn.
Diogo chegou a ser exonerado da gestão de Raquel, no entanto, ele retornou à Empetur meses depois, em Agosto de 2023, em um cargo diferente, assumindo a função de Superintendente de Operações do órgão. Depois de ter virado Superintendente de Operações, foi questão de tempo até retornar ao cargo de Diretor de Marketing, após a saída de Tonynho Rodrigues (MDB), que precisou se licenciar do cargo para disputar as eleições de Caruaru.
Muitas pessoas que trabalharam na campanha de Raquel Lyra e ainda estão “desempregadas” criticam o espaço que o PSB ainda possui na gestão estadual. “Esse não é um caso isolado. Os assessores da governadora contrataram várias pessoas da antiga gestão”, disse uma jovem que pediu para não ser identificada. “É por isso que o governo não vai pra frente”, desabafou ela.
Outro infiltrado
Mas não é apenas Diego Beltrão que teve essa capacidade. Outro “infiltrado” no governo Raquel Lyra atende pelo nome Tiago Marinho. Como Diego, ele também fez campanha para o prefeito João Campos (PSB), mas pouco depois ganhou um cargo na administração estadual.

E não é um cargo qualquer. Marinho toma conta de nada menos do que a comunicação digital do Governo de Pernambuco. E fica no Palácio do Campos das Princesas, bem perto da governadora. “Eu chegar tive um susto quando vi ele por lá”, disse um jovem que trabalhou na campanha da governadora.
Pelo visto tem muito mais gente.