Da Redação do Blog – O Conselho Federal de Medicina elegeu, nesta quarta-feira (7), as chapas representativas dos médicos de 26 estados e do Distrito Federal pelos próximos cinco anos. Em Pernambuco, a chapa “Movimento e Ética”, liderada por Eduardo Jorge da Fonseca Lima (titular) e Leila Katz (suplente), venceu o pleito com 6.037 votos (36,87%).
Lima é formado pela Universidade Federal de Pernambuco, já foi presidente da Sociedade de Pediatria de Pernambuco e hoje ocupa a vice-presidência desta instituição. Além disso, é representante regional Pernambuco da Sociedade Brasileira de Imunizações(SBIm) e suas principais áreas de pesquisa são vacinas e infecções respiratórias.

A chapa teve apoio de nomes da medicina que encamparam, durante a pandemia, posições contrárias ao governo de Jair Bolsonaro (PL), que estimulou aglomerações e desestimulou a vacinação que, posteriormente, foi responsável pelo fim da emergência sanitária no país. A médica e professora Margareth Dalcolmo, pesquisadora da Fiocruz, foi uma das fiadoras da campanha de Lima e Katz. Ela foi uma das críticas mais assíduas do ex-presidente durante a crise pandêmica.
A mesma situação ocorreu em outros estados, com chapas que emulavam as mesmas discussões da política nacional. Em São Paulo, por exemplo, infectologista Francisco Cardoso, que ficou conhecido na pandemia por defender medicamentos ineficazes, como a cloroquina, ganhou com 37,97% dos votos. Ele encabeçou a chapa que se autointitulava “única chapa de direita para o CFM”.
Cardoso defendeu o uso da cloroquina durante a Comissão Parlamentar de Inquérito da Covid, em 2021, e naquele mesmo ano foi afastado do Comitê de Enfrentamento à Covid-19 da Prefeitura de Uberaba em razão da perspectiva negacionista.

Em seu site oficial, o médico diz que “a maioria dos casos de Covid-19 “são leves, tratáveis e não hospitalizáveis” e que as vacinas desenvolvidas “não possuem a eficácia necessária para promover a devida proteção contra transmissão”.
A eleição paulista foi a mais conturbada. Em julho, o CFM acionou a Polícia Federal para averiguar o disparo em massa de mensagens apócrifas pedindo votos na “única chapa anti-L 13”. O SMS dizia: “Conselho Federal de Medicina 2024: Chapas de SP que votaram no L (13): 1,3 e 4. Única chapa anti-(L-13): 2. Apoie chapa 2: dias 06/07 agosto.”

A chapa vencedora em SP também contou com o apoio de Luciano Hang, dono da varejista Havan, que é catarinense e apoiador de Bolsonaro.
No Rio, a situação foi semelhante. O médico Raphael Câmara foi reeleito para o cargo afirmando que não quer “deixar a esquerda tomar o CFM”. Ele recebeu 13.140 votos (27%). Câmara foi responsável pela resolução do CFM que proibiu a assistolia fetal a partir da 22ª semana de gravidez, que invadiu a competência legislativa e cerceou direitos de mulheres vítimas de estupro.
Câmara já ocupou o cargo de secretário de Atenção à Saúde Primária no Ministério da Saúde durante o governo de Jair Bolsonaro (PL) e defendeu a abstinência sexual como método de prevenção de gravidez na adolescência.
No Distrito Federal, a cirurgiã Rosylane Rocha, vice-presidente do CFM, foi eleita representante pela chapa “Reunir & Trabalhar”, com 44,4% dos votos. Em janeiro passado, durante os atos golpistas promovidos por apoiadores do ex-presidente. Rocha atuava como presidente interina do CFM e chegou a compartilhar mensagens de apoio aos invasores do Congresso.
Ao todo, mais de 408 mil médicos participaram do pleito. A posse dos eleitos será no dia 1º de outubro.