Por Luiz Roberto Marinho – Problemático desde a adolescência, o jovem Bruno de Andrade Lima de Albuquerque, de 29 anos, que vai a julgamento nesta segunda-feira (20), na 2ª Vara do Júri de Jaboatão dos Guararapes, por esfaquear a ex-namorada e os pais dela, nunca foi benquisto por Renata Campos, mãe do prefeito do Recife João Campos, de quem é primo em terceiro grau, revelam depoimentos de amigos.
Primo também dos Suassuna, ainda criança, quando veraneava na praia de Candeias, na Zona Sul, Bruno batia neles, relatam amigos de infância. Já rapaz, custeado com gordas mesadas da avó, o jovem era perdulário, fazia questão de se vestir na última moda, gostava de ostentar e tratava mal as pessoas, incluindo garçons.
Bruno batia também nas namoradas, até chegar ao ponto de esfaquear uma ex, Karol Kerlis, de 29 anos, e os pais dela, em 15 de novembro de 2023, no apartamento da família, na praia de Piedade, na Zona Sul. Quase matou os três mesmo com Karol tendo obtido medidas protetivas contra ele.

Nunca gostou de trabalhar e, embora problemático, os familiares poderosos tentaram encaminhá-lo na vida tornando-o, primeiro, um dos assessores da campanha de reeleição do prefeito do Recife Geraldo Júlio, em 2016, e, depois, empregando-o na Ceasa, onde surrou um colega e foi demitido. Daí em diante, os familiares se afastaram de vez de Bruno. “Ele só fazia queimar a família”, informa um amigo.
Sua mãe, Zélia Andrade de Lima, é prima em primeiro grau de Renata Campos. Seu avô, Romero Andrade Lima, era irmão do pai de Renata Campos, Cyro Andrade Lima, que faleceu em 2022. Bruno, portanto, é primo em segundo grau de Renata, matriarca do clã Campos e de enorme poder político, e em terceiro grau do prefeito do Recife. Mãe e filho não têm nada a ver, obviamente, com as estripulias assassinas do parente problemático. Trata-se, na prática, de um DNA bastante incômodo, o que ocorre com muitas famílias de boa índole.
Bruno de Andrade Lima será julgado nesta segunda-feira por tentativa de triplo homicídio qualificado, cuja pena pode ir até 20 anos de reclusão. Terá contra si agravantes estabelecidos no Código Penal, como motivo fútil ou torpe, emprego de meios cruéis que dificultam a defesa da vítima e três vítimas. Haverá depoimentos de Karol Kerlis e dos seus pais e de quatro testemunhas, duas de acusação e duas de defesa.









