Da Redação do Blog – Detido nesta terça-feira (25) pela Polícia Federal, o policial penal Charles Belarmino de Queiroz Silva comandou com total autonomia por mais de cinco anos, até dezembro último, o Presídio de Igarassu, na Região Metropolitana do Recife. Mandava e desmandava e tinha prestígio na cúpula da Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização (Seap), pilotada por Paulo Paes, também policial penal de carreira, revelam ao Blog fontes do setor.
A gota d’água da decadência do até então intocável Belarmino foi a Operação Chamada Restrita, que desarticulou uma quadrilha de detentos por extorsões via celular a partir do Presídio de Igarassu. O então diretor foi exonerado junto com o secretário-executivo da Seap, André de Araújo Albuquerque, o segundo funcionário mais importante na hierarquia da Secretaria.
Como divulgou o Blog com exclusividade, ambos foram surpreendidos pelas exonerações, publicadas no Diário Oficial no mesmo dia 3 de dezembro da deflagração da Operação Chamada Restrita. Só souberam que estavam demitidos dos cargos quando chegaram aos seus locais de trabalho.

Paulo Paes substituiu Belarmino em Igarassu por Carlos Alberto Cordeiro, que comandava o Presídio de Pesqueira, no Agreste. Como não ocorreu nos mais de cinco anos de gestão de Belarmino, em 13 de janeiro passado uma revista no pavilhão A apreendeu com os detentos grande quantidade de celulares e drogas.
Foram apreendidos na ocasião, como postou o Blog, 32 celulares, 56 carregadores, 21 fones de ouvido, 39 chips de celulares e um modem. As drogas descobertas incluíam 28 quilos de maconha, 2,5 quilos de crack e 1.200 comprimidos Artane, usados para tratamento de Parkinson, mas que provocam fortes alucinações quando misturados a bebidas alcoólicas.
O Presídio de Igarassu é um dos maiores e mais problemáticos entre as 23 unidades prisionais de Pernambuco. É o de maior superlotação, com 447% – isto é, tinha, em dezembro de 2023, segundo auditoria do TCE (Tribunal de Contas do Estado), 5.006 detentos em 1.126 vagas, registrando um déficit de 3.904 vagas. Tal quadro se agravou nos últimos dois anos.