Da Redação do Blog — No rescaldo do Carnaval, quando o brilho das serpentinas dá lugar ao peso das cinzas, o poeta Marcelo Mário de Melo convida à reflexão sobre o que resta após a folia.
Leia:
“Que cinzas restam de nós
no raiar da quarta-feira?
Quais as que olham de longe
estacadas na porteira?
Quais as guardadas no cofre
junto a pedras preciosas?
Quais as que endureceram
viraram pedras de gelo?
Quais as que sendo regadas
acendem flor no canteiro?
Quais as que foram largadas
junto a folhas ressequidas?
Quais as que sempre aquecidas
nos socorrem no inverno?
Quais as que se misturaram
em grãos de cinzas contrárias?
Quais espalhadas no corpo
aderiram à nossa pele?
Cada um pense e responda
do mais fundo do baú
onde sonhos e lembranças
colam colcha de retalhos.”
*Marcelo Mário Melo é escritor, poeta, jornalista e ex preso político pela ditadura militar









