O Globo – O capitão de um porta-aviões do Exército dos Estados Unidos com mais de 4.000 pessoas a bordo — sendo mais de 100 infectados pelo novo coronavírus — pediu ajuda, nesta segunda-feira, à Marinha do país para conseguir isolar a tripulação. A solicitação, feita por uma carta, foi obtida pelo jornal americano “San Francisco Chronicle”. O navio está em Guam, uma ilha a mais de 2 mil quilômetros ao sul do Japão, no Oceano Pacífico.
“Isso vai exigir uma solução política, mas é a coisa certa se fazer”, escreveu Crozier. “Nós não estamos em guerra. Marinheiros não precisam morrer. Se nós não agirmos agora, estaremos falhando em cuidar do nosso patrimônio mais confiável — os marinheiros”.
No documento, o capitão do porta-aviões “Theodore Roosevelt”, Brett Crozier, explica que apenas uma pequena parte dos oficiais infectados foi retirada do navio — no entanto, disse que nenhum dos que contraíram a Covid-19 apresentaram sintomas graves. Ele solicita um “navio limpo” e “salas de quarentena compatíveis” para toda a tripulação “o mais rápido possível”.
Crozier também explica que todos os marinheiros que virem a entrar nesse novo navio devem estar comprovadamente sem o novo coronavírus, “Um marinheiro infectado no navio irá espalhar o vírus”. Mas ele também ressalta que uma parte da equipe, aproximadamente 10%, deverá continuar a bordo para “operar o reator, higienizar o navio, garantir a segurança e fornecer resposta de contingência a emergência”. Segundo ele, isso é “um risco necessário”.
O capitão ainda cita, como exemplo, as medidas tomadas no navio de cruzeiro “Diamond Princess”, que foi onde ocorreu um dos primeiros surtos do novo coronavírus fora da China. O navio estava na costa do Japão com 3.700 pessoas quando casos de Covid-19 no local foram descobertos, no início de fevereiro. Segundo Crozier, que menciona um artigo científico, as medidas de isolamento e desembarque dos doentes, além da quarentena dos outros, foram de grande eficácia.
“Estimamos que, sem nenhuma intervenção, 2920 das 3700 pessoas (79%) teriam sido infectadas. O isolamento e a quarentena preveniram 2.307 casos”, escreveu na carta.
O “San Francisco Chronicle” disse que a Marinha dos EUA não respondeu os questionamentos feitos pela reportagem. Porém, nesta terça-feira, em entrevista à “CNN”, o secretário da organização, Thomas Modly, disse que soube da carta do capitão Crozier e que a Marinha já estava trabalhando há sete dias para tirar os marinheiros do local.
“O problema é que Guam não tem camas suficientes no momento e nós estamos tendo que conversar com o governo de lá para ver se conseguimos vagas em algum hotel ou criar algum tipo de instalação”, informou Modly. “Estamos fazendo isso de uma maneira muito metódica, porque não é o mesmo que um navio de cruzeiro. Esse navio tem armamento, aeronaves. Estamos muito envolvidos nisso, muito preocupados e tomando todas as medidas apropriadas”.







