Por Luiz Roberto Marinho – “Traidor”, xingou Raul Henry referindo-se ao então senador Fernando Bezerra Coelho. “Cínico”, rebateu FBC. Essa refrega ocorreu em 2018. Mas político tem memória curta. Sete anos depois, diante da previsível disputa renhida pelo comando do MDB de Pernambuco, os dois esqueceram as desavenças e estão juntos para tentar reconduzir Raul Henry na disputa com o deputado estadual Jarbas Filho, aliado ao senador Fernando Dueire, pela presidência local do partido.
Participantes da cena política pernambucana revelam que, com a convenção partidária na porta, marcada para 24 de maio, Raul conta com o voto e a influência de Fernando Bezerra Coelho, hoje considerado aliado estratégico. No bojo dessa aliança antes tida como improvável, está a possível candidatura do filho, o ex-prefeito de Petrolina Miguel Coelho, numa das duas cobiçadíssimas vagas ao Senado da chapa do prefeito João Campos (PSB), uma das quais já estaria reservada à reeleição de Humberto Costa (PT).
O que une Raul Henry e FBC agora foi justamente o motivo das pendengas dos dois em 2018 – o apoio do MDB ao PSB da candidatura Paulo Câmara. Recém-filiado ao partido na época e de olho no governo do estado, Fernando Bezerra, com o reforço do então presidente nacional da legenda, Romero Jucá, tentou intervir no diretório.

A briga foi parar no Supremo Tribunal Federal, no qual uma liminar do ministro Ricardo Lewandowski manteve o MDB sob controle de Henry. Jucá e FBC alegaram na ocasião que o MDB não poderia subir no palanque de um partido adversário do presidente emedebista da República Michel Temer.
Agora juntos no palanque do PSB raiz de João Campos, os dois vão tentar evitar que uma derrota de Raul Henry conduza o MDB à carreata da reeleição de Raquel Lyra (PSD), na qual o desafiante Dueire, junto com Jarbas Filho, vislumbra a possibilidade de se reeleger ao Senado pelo voto.
Ninguém parece se lembrar mais das dissidências. Alguns poderão até justificar que a aliança Raul Henry/FBC revela maturidade política, mas, na visão desses participantes da cena política pernambucana, é difícil não adjetivar a união dos dois como oportunista – aliás, pragmática, para ser mais elegante, dizem eles.









