Por Luiz Roberto Marinho – O PSDB realiza convenção nacional nesta quinta-feira (5), em Brasília, no formato semipresencial, para votar a fusão com o Podemos, mas enfrentará problemas na conclusão do processo, essencial à sua sobrevivência.
Uma das maiores dificuldades a superar é a disposição da presidente do Podemos, deputada federal Renata Abreu (SP), que comanda a legenda com mão de ferro, de ser a presidente do novo partido. Além disso, ela resiste a adotar o sistema de rodízio nas lideranças, mecanismo que vinha sendo cogitado para contemplar os dois partidos no processo de unificação.
Outro problema a ser enfrentado está nas composições regionais, nas quais Pernambuco é um dos exemplos. No estado, o Podemos é liderado pelo ex-prefeito de Paudalho Marcelo Gouveia, pelo ex-deputado federal Ricardo Teobaldo e pelo ex-senador Armando Monteiro, aliados da governadora Raquel Lyra, cuja troca do PSDB pelo PSD tornou os tucanos, entre os quais militou por nove anos, seus adversários, pela mudança da presidência local.
Opositor de Raquel e aliado do prefeito João Campos (PSB), que disputará com ela o governo do estado em 2026, o presidente da Alepe (Assembleia Legislativa de Pernambuco), Álvaro Porto, assumiu a presidência do PSDB praticamente sem prefeitos, que debandaram quase todos para o PSD da governadora. Ainda detém, porém, força política, como comandante da Alepe, cargo que manterá nas eleições do próximo ano.

Como é fusão e não federação, como ocorreu entre União Brasil e Progressistas, quem vai comandar a nova legenda em Pernambuco e como será tomada tal decisão são uma delicada equação regional a ser resolvida no processo de fusão.
Com três senadores, 13 deputados federais, 52 estaduais e um governador, o PSDB é apenas um pouco maior do que o Podemos, que tem quatro senadores (um a mais), 15 deputados federais (mais dois), nenhum governador (contra um tucano) e 36 deputados estaduais (16 menos).
Ocorre que o Podemos está em ascensão e o PSDB em acelerado processo de derretimento. Perdeu os prefeitos de Pernambuco e, além de Raquel Lyra, mais recentemente o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, um nome com pretensões nacionais. Não é seguro que o único governador que lhe restou, Eduardo Riedel, do Mato Grosso do Sul, permaneça na legenda.
Sem a fusão, o PSDB enfrentará uma cláusula de barreira dura de ser superada nas eleições de 2026 – terá de eleger 13 deputados federais distribuídos ao menos por nove estados ou 2,5% dos votos válidos para a Câmara. Se não superar a cláusula, estará extinto na prática, porque não terá direito aos polpudos recursos do fundo partidário e do fundo eleitoral.
A convenção nacional desta quinta-feira irá votar a incorporação ou fusão com o Podemos e a reforma do programa e do estatuto e delegará poderes à Comissão Executiva Nacional para executar a fusão.









