Paulo Saldaña – O secretário de Educação Básica do MEC (Ministério da Educação), Janio Macedo, pediu demissão do cargo por causa de desgastes na pasta comandada por Abraham Weintraub.
O ato ainda não foi oficializado, mas Macedo já avisou a interlocutores na manhã desta quinta-feira (9) que não é mais titular da subpasta, responsável pelas políticas federais que vão da creche ao ensino médio.
A educação básica é apontada como prioridade pelo governo Jair Bolsonaro.
Secretários de Educação e especialistas viam Janio Macedo como uma fonte de diálogo dentro do MEC, em contraponto ao beligerante Weintraub.
Sua relação com o chefe, porém, desgastou-se sobretudo nos últimos dois meses, segundo relatos obtidos pela Folha. A falta de autonomia diante de um insistente crivo ideológico de Weintraub em praticamente todas as decisões foi fundamental para sua saída.
Macedo apostava na construção de iniciativas em consenso com secretários de Educação, que concentram as matrículas. Uma das políticas em que insistia era o apoio à implementação da Base Nacional Comum Curricular junto às redes, tema desprezado pelo ministro por causa de questões ideológicas.
Weintraub, por sua vez, criou atrito com os secretários ao insinuar que havia acordado com eles a opção de distribuir nas escolas alimentos da merenda para alunos pobres durante a pandemia de coronavírus, o que diverge da proposta dos dirigentes estaduais.
Funcionário aposentado do Banco do Brasil, onde trabalhou por 34 anos, Macedo já ocupou cargos na área de economia. Antes de chegar ao MEC, era secretário-adjunto de gestão e desempenho de pessoal, área ligada à Secretaria Especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital. Assumiu a Secretaria de Educação Básica com a chegada de Weintraub ao MEC.
Essa é a segunda baixa no alto escalão do ministério neste ano. Arnaldo Lima, que também havia entrado no MEC com Weintraub, pediu demissão da secretaria de Educação Superior no fim de janeiro após desentendimentos com o ministro.
Weintraub completou um ano à frente do MEC na quarta-feira (8). Sob sua gestão, houve trocas em praticamente todos os órgãos importantes ligados à pasta. Além dessas duas secretarias, alterações ocorreram no comando do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas), FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação) e Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior).
A Folha procurou o MEC e Janio Macedo, mas até a publicação deste texto não obteve resposta.