Do Metrópoles – A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga as fraudes do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) enfrentará o desafio de manter a relevância ao final deste segundo semestre diante da “concorrência” de pautas, como o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que terá a fase final iniciada na próxima terça-feira (2/9).
O próprio presidente do colegiado, senador Carlos Viana (Podemos-MG), admite que o julgamento ganhará holofotes. “O julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro naturalmente ocupará as manchetes e é um fato importante que o Brasil vai acompanhar, até por aqueles que defendem, e por aqueles que querem a condenação”, disse ao Metrópoles.
Ele afirma, no entanto, que trabalhará para que isso não atrapalhe o andamento dos trabalhos da CPMI. “Nós estamos muito seguros e convictos do nosso propósito e da nossa meta, que é analisarmos passo a passo as provas, os depoimentos, e, naturalmente, convocarmos aqueles que estão envolvidos no maior assalto à Previdência brasileira”, falou.
Julgamento de Bolsonaro pode ofuscar CPMI:
- Os trabalhos da comissão mista serão realizados no mesmo período do julgamento do ex-presidente pelo STF.
- O presidente do colegiado, Carlos Viana, e demais líderes governistas ouvidos sob reserva admitem a possibilidade de a comissão ser ofuscada.
- A divisão do noticiário pode favorecer o governo, já que muitos parlamentares da base de Lula eram contra a criação da investigação.
- Governo já saiu derrotado na escolha da presidência e da relatoria da CPMI.
Para o julgamento do chamado “núcleo crucial” da suposta trama golpista, o presidente da Primeira Turma do Supremo, ministro Cristiano Zanin, convocou sessões extraordinárias para os dias 2, 3, 9, 10 e 12 de setembro de 2025, das 9h às 12h, além de uma sessão extraordinária no dia 12, das 14h às 19h. O ministro também convocou sessões ordinárias para os dias 2 e 9 de setembro, das 14h às 19h.
Bolsonaro e aliados – entre eles o ex-ministro Braga Netto e o ex-ajudante de ordens Mauro Cid – são réus por tentativa de golpe, com o objetivo de impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) após as eleições de 2022 e manter o então presidente no poder.
A comissão mista foi instalada em 20 de agosto e terá o prazo de 180 dias para a conclusão dos trabalhos. Considerando o recesso parlamentar previsto para começar em 23 de dezembro e se estender a 1° de fevereiro, o prazo final para a votação do relatório fica para 28 de março de 2026.
O primeiro dia de oitivas foi realizado na quinta-feira. Foram ouvidos a servidora da Defensoria Pública da União (DPU) Patrícia Bettin Chaves, por quase 8 horas; e o delegado da Polícia Federal (PF) Bruno Bergamaschi, em reunião privada, por quase 5 horas.
Viana e outros líderes da base governista ouvidos em reserva avaliam que as sessões foram positivas e esperam manter o mesmo ritmo.
A comissão mista ouvirá o advogado Eli Cohen na segunda-feira (1/9). Ele é especialista em mapeamento de fraudes e ajudou a desvendar os esquemas no INSS.









