Por Josias de Souza
Lendo-se os depoimentos de Machado, percebe-se que a suruba estatal dos dias atuais é muito parecida com a de antigamente. A diferença é que o PT, ao deixar a história para cair na vida, esforçou-se demais para demonstrar que não estava imune às tentações alheias. Entregou-se com tal volúpia aos prazeres do poder despudorado, que expandiu demais a orgia e esqueceu de fechar a janela. Adorou as alianças esdrúxulas. E percebeu que a volta às origens, além de indesejada, era impossível. Castidade, como a virgindade, não dá segunda safra.
Noves fora a diferença de escala, o ex-tucano Sérgio Machado disse que desde 1946 havia um padrão segundo o qual os empresários incorporavam em seus orçamentos um certo “custo político” —eufemismo para o ‘por fora’, o ‘quanto eu levo nisso?’. Variava conforme o ente da federação: 3% do valor dos contratos firmados com o governo federal, 5% a 10% nos negócios fechados com governos estaduais e 30% nas transações municipais.
Nos bordeis do Estado, pratica-se a suruba às avessas. A Viúva paga para ser violada. Se a Petrobras é “a madame mais honesta”, imagine-se o que sucede nos outros cabarés. Machado disse ter repassado propinas a 23 políticos de seis partidos. Apenas para os pajés do PMDB, sua tribo, entregou mais de R$ 100 milhões durante os 12 anos em que presidiu o balcão da Transpetro.







