Da BBC News – Além das eventuais medidas que os Estados Unidos podem adotar contra o Brasil após a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), uma possibilidade é o governo americano classificar facções criminosas como o Primeiro Comando da Capital (PCC) e Comando Vermelho (CV) como organizações terroristas.
Essa possibilidade foi citada pela consultoria Eurasia Group em uma lista de sanções potenciais elaborada ainda antes do fim do julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF).
Em seu relatório, a Eurasia lembra que a Casa Branca impôs uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros e sancionou o ministro do STF Alexandre de Moraes sob a Lei Global Magnitsky.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, já deixou claro que considera o julgamento de Bolsonaro uma “caça às bruxas” e citou o tratamento ao ex-presidente quando anunciou a sobretaxa às importações brasileiras, que entraram em vigor no mês passado, com algumas isenções.
Na terça-feira da semana passada (09/09), em meio ao julgamento de Bolsonaro, a porta-voz da Casa Branca afirmou que os EUA podem usar seu poder militar e econômico para defender a liberdade de expressão no Brasil e no mundo. O governo brasileiro repudiou a declaração.
Entre possíveis medidas citadas pela Eurasia também estão suspensões adicionais de vistos para funcionários do governo brasileiro e a aplicação da Lei Magnitsky para outros ministros do STF além de Moraes.
Em entrevista à BBC News Brasil, o diretor-executivo para as Américas do grupo Eurasia, Christopher Garman, disse que a classificação do PCC e do CV como organizações terroristas não parece ser uma decisão iminente, mas pode ocorrer nos próximos meses.
“O desafio de quando você denomina PCC e CV como organização terrorista é que tem que identificar quais grupos estão ajudando essas organizações. E, dado o tamanho, a sofisticação e a entrada desses grupos no setor privado, não é fácil”, observa Garman.
“Se estendermos o horizonte nos próximos seis a oito meses, acho que a probabilidade aumenta”, afirma.









