EXCLUSIVO, Por Ricardo Antunes — A empresa Ambipar, contratada pelo governo de Pernambuco para realizar a coleta de lixo e a limpeza urbana em Fernando de Noronha, enfrenta uma crise sem precedentes. Ontem (25), como o blog informou com exclusividade, a companhia foi notificada pela administração da ilha por falhas graves na prestação do serviço, incluindo o acúmulo de entulhos em vias públicas e a operação precária da usina de reciclagem.
A notificação ocorre em meio ao agravamento da situação financeira da empresa, que obteve uma liminar na Justiça do Rio de Janeiro suspendendo temporariamente a cobrança de dívidas por 30 dias, prorrogáveis por mais 30.
A medida é considerada preparatória para um pedido de recuperação judicial, diante de um passivo que pode ultrapassar R$ 10 bilhões.
A crise financeira da Ambipar tem origem em um empréstimo de US$ 35 milhões firmado com o Deutsche Bank, que gerou obrigações adicionais por meio de contratos de derivativos. A empresa afirma que já consumiu mais de R$ 200 milhões do caixa para atender às exigências de garantias e que corre risco de colapso imediato caso não consiga renegociar seus compromissos.
Enquanto isso, em Fernando de Noronha, moradores e comerciantes denunciam o abandono da limpeza urbana. Vídeos e fotos mostram entulhos em várias vias. A precariedade da coleta é tanta que os donos de pousada estão levando o lixo diretamente para a usina.
A administração da ilha deu um prazo de 48 horas para que a Ambipar regularize os serviços, sob pena de sanções contratuais.

CONTRATO
Em abril de 2025, o governo estadual contratou a empresa Ambipar para assumir os serviços de limpeza urbana e gestão de resíduos sólidos em Fernando de Noronha, por meio de uma licitação de R$ 64,7 milhões, com duração de cinco anos. A escolha da empresa gerou controvérsia desde o início.
A Universo Empreendimentos, que atuava há 20 anos na ilha, contestou o resultado e apresentou denúncia ao Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco (TCE-PE), apontando diversas irregularidades na escolha da Ambipar. O principal problema era justamente ausência de atestados de capacidade técnica para realizar o serviço.
Segundo a denúncia, a empresa vencedora do certame também entregou documentos fora do prazo, não apresentou algumas licenças exigidas no edital, não comprovou viabilidade técnica da proposta, incluiu documento fora do sistema oficial. Apesar das denúncias, o TCE manteve o contrato com a Ambipar, alegando que suspender o serviço traria prejuízos à população.
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