Do JC – O ex-ministro do Turismo Gilson Machado (PL) afirmou nesta sexta-feira (10) que não trabalha com a hipótese de não disputar o Senado em 2026. Ele disse respeitar o interesse do presidente estadual do Partido Liberal, Anderson Ferreira, em também buscar o cargo, mas ressaltou que a decisão não depende somente dele.
Gilson deixou claro que só abriria mão da disputa se o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pedisse. “Eu vou ser candidato. Só se o presidente Bolsonaro não quiser que eu seja. Mas ele não disse”, afirmou em entrevista.
Segundo o sanfoneiro, Anderson Ferreira tem o direito de pleitear a vaga com apoio de Valdemar Costa Neto, presidente nacional do partido, mas isso não inviabiliza sua própria movimentação. “São duas vagas”, destacou. Em setembro, o presidente do partido se mostrou contrário à candidatura de Gilson.
Ele reconheceu que a eleição para o Senado em Pernambuco é difícil para a direita, mas avalia que sua pré-candidatura atende a um desejo do eleitorado conservador. “Eu ando nas ruas, vou nas carreatas, nas feiras, e o povo me abraça. Mas não tenho o afã… para mim seria muito mais tranquilo uma eleição para deputado federal. Mas a direita se vê representada em mim, é justo abrir mão disso?”, questionou.
Relação com Anderson Ferreira e Valdemar Costa Neto
Apesar da tensão nos bastidores do diretório estadual PL, Gilson negou estar isolado politicamente. “Meu nome não está posto somente por mim, foi pelo presidente Bolsonaro. Não me preocupo com o que os outros falam de mim. Não fico preocupado com política partidária em 2025, até porque isso pode se resolver em 2026”, disse.
Ele evitou tecer críticas diretas ao presidente estadual do partido, mas deixou recados. “Não vou atacar Anderson Ferreira aqui. Não passo meu tempo pensando em Anderson Ferreira. Tem gente que vai dormir e acorda pensando em Gilson Machado. Eu estou na minha, fazendo meu trabalho, pronto para a batalha”.
Sobre Valdemar Costa Neto, Gilson definiu sua relação como institucional, destacando que sua lealdade é a Jair Bolsonaro. “Eu só saio do partido quando Bolsonaro disser ‘saia’. Vou até o fim com ele”, declarou.

2026 e composição de chapa
Gilson também evitou cravar posições sobre alianças estaduais para 2026, especialmente em relação à governadora Raquel Lyra (PSD) ou ao prefeito do Recife, João Campos (PSB). “Não consegui falar com Valdemar, mas não vou morrer de véspera. É muito cedo para dar uma declaração”, completando que não será candidato ao governo do estado. “Não é minha missão em 2026”.
Apesar disso, Gilson fez uma avaliação moderada da governadora. Ele disse que é cedo para julgamentos e que Raquel recebeu um Estado “em terra arrasada”, acrescentando que conhece o estilo da gestora desde Caruaru. “Eu sei que ela é competente. Ela é brigona, vai atrás das coisas. Ela vivia na Embratur comigo, no ministério, atrás de recursos”.
Já sobre João Campos, o tom foi mais duro. “Quando você compara o Recife de hoje com o da época de Roberto Magalhães ou Joaquim Francisco, você fica temeroso”, disse ao criticar a segurança e o trânsito da cidade. “Enquanto ele está fazendo shows, o cachê de uma banda às vezes é um gerador que falta numa unidade de saúde, falta prioridade”, emendou.
PL em 2026 e volta de Bolsonaro
Gilson reforçou sua relação pessoal com Bolsonaro, que diz existir desde 1993. Mesmo com o ex-presidente inelegível e condenado pelo STF por golpe de estado, ele garante que Bolsonaro segue sendo o nome natural da direita para 2026.
“Meu candidato em primeiro, segundo e terceiro lugar é Jair Messias Bolsonaro. Ele não está fora do jogo. Você não viu até agora Flávio Bolsonaro dizer que é candidato, nem Michele nem Eduardo. Nosso candidato ainda é Bolsonaro”, afirmou.
“Nós vamos passar por isso, o PT já passou por isso. Lula foi preso e você nunca viu um petista jogar a toalha. O bolsonarismo hoje está voltando a se reconectar e a direita vai voltar com muito mais força”, garantiu.
Questionado sobre alternativas na família Bolsonaro ou nomes como Tarcísio de Freitas, Romeu Zema e Ratinho Júnior, disse que todos têm capacidade, mas que não há pressa. “Não tenho ansiedade para definir 2026 em 2025.”
Relações internacionais: Trump, Lula e os EUA
Na reta final da entrevista, Gilson analisou a aproximação entre Lula e Donald trump e defendeu o estreitamento da relação entre Brasil e Estados Unidos, independentemente de quem esteja no poder. “Transcende Trump, Lula e Bolsonaro. O Brasil é um grande parceiro americano e vice-versa”, disse.









