Por Luiz Roberto Marinho – A ex-deputada Marília Arraes (SD) enviou interlocutores para sondar a governadora Raquel Lyra (PSD) sobre vaga ao Senado na chapa da reeleição. Esta primeira abordagem foi rejeitada, pelas feridas da campanha de 2022 ainda não cicatrizadas, mas as portas não estão fechadas, revelam integrantes da cena política pernambucana.
A possibilidade de uma reconciliação entre as duas e da candidatura da feroz adversária de 2022 na chapa da reeleição não é uma maluquice se for confirmada a adesão, cada vez mais visível, do deputado Eduardo da Fonte (PP) à candidatura do prefeito João Campos (PSB) numa das suas disputadas vagas ao Senado.
Futuro presidente em Pernambuco da poderosa Federação União Progressista, que junta o PP e o União Brasil, e noiva com dotes cobiçados por dois pretendentes, Raquel Lyra e João Campos – forte estrutura partidária, recursos vultosos para a campanha e longo tempo de tevê -, o pragmático Dudu da Fonte tem dito a amigos que escolherá a alternativa que lhe der mais chances de uma cadeira no Senado.
Apesar de cargos no governo – Secretaria de Turismo e comandos no Ceasa, Detran e Lafepe – Dudu tem se afastado da governadora e intensificado conversações com o outro lado, junto com o filho, o também deputado federal Lula da Fonte (PP), incluindo o senador Humberto Costa (PT), até agora o único nome praticamente garantido na chapa do prefeito do Recife, condição para garantir o presidente Lula no seu palanque.
Na terça-feira passada (28), Campos derramou elogios a Dudu da Fonte, após encontro com o setor da construção civil, de olho na Federação União Progressista ao seu lado. “Eduardo é um cara muito capaz, muito habilidoso, sabe construir, sabe formar conjunto, chapa, fazer um time”, declarou.

Se a Federação União Progressista optar por Campos, formaria o que no PSB é chamada de “chapa dos sonhos” – o prefeito na cabeça, o ex-prefeito de Petrolina Miguel Coelho como vice e Humberto Costa e Dudu da Fonte nas vagas do Senado.
Outro candidato ao Senado na chapa do prefeito, o ministro de Portos e Aeroportos, Sílvio Costa Filho, está sendo pressionado a desistir da vaga em troca do apoio de Dudu e de Humberto Costa à sua recondução à Câmara dos Deputados. Se confirmada essa equação, existe a possibilidade de Marília Arraes, sem chances na chapa do primo, trocar de lado, avaliam os integrantes da cena política local.
Segundo eles, apesar das sérias rusgas da campanha de 2022, a ex-deputada federal poderia acrescer a Raquel Lyra a liderança na intenção de votos ao Senado atestada na pesquisa Datafolha da quarta-feira (29), na qual detém de 39% a 42% nos três cenários do levantamento, além do recall da disputa de 2022.
O grande problema a superar são as sequelas das brigas da campanha entre as duas, mas os integrantes da cena política lembram que, do lado de Marília, houve reconciliação com o primo depois dos pesados desaforos mútuos da campanha à prefeitura de 2020.
Resta saber se haverá a mesma disposição da pouco maleável Raquel, mesmo com a vantagem de ter na chapa da reeleição um nome à esquerda ligado à imagem do presidente Lula, dono de 67% dos votos em Pernambuco no segundo turno da campanha presidencial.
Na visão dos integrantes da cena política pernambucana, Marília seria também um contraponto a um candidato bolsonarista, caso a outra vaga ao Senado venha a ser ocupada pelo ex-prefeito de Jaboatão dos Guararapes Anderson Ferreira. Como fez na campanha ao governo, Raquel subiria no muro, podendo agradar a gregos e troianos.









