Com informações do G1 – O diretor da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, afirmou nesta terça-feira (18) que o esquema de fraudes financeiras que resultou na prisão do presidente do Banco Master, Daniel Vorcaro, e de quatro diretores da instituição pode chegar a R$ 12 bilhões.
Andrei Rodrigues deu a declaração durante participação na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Senado que investiga organizações criminosas.
Segundo Andrei, somente na casa de um dos alvos da operação Compliance Zero, os agentes encontraram R$ 1,6 milhão em espécie.
“Estamos fazendo uma operação importante, com o Banco Central e Coaf atuando em conjunto, em um crime contra o sistema financeiro. Fala-se em R$ 12 bilhões envolvendo esse crime em investigação, com várias prisões. Nessa operação desta terça, a fraude é de R$ 12 bilhões”, afirmou Andrei.
“Eu não sei quanto que nós vamos conseguir bloquear. Eu sei já que, em dinheiro, apreendemos na residência de um investigado R$ 1,6 milhão em dinheiro nessa operação de hoje”, acrescentou o diretor na CPI do Crime Organizado.
Vorcaro e os diretores foram alvo de uma operação que mira a venda de títulos de crédito falsos. O Banco Master emitia CDBs (Certificados de Depósitos Bancários) com a promessa de pagar ao cliente até 40% acima da taxa básica do mercado. No entanto, esse retorno era irreal.
Os outros diretores financeiros presos são: Luiz Antônio Bull, Alberto Felix de Oliveira Neto, Ângelo Antônio Ribeiro da Silva e Augusto Ferreira Lima.
Na noite desta segunda-feira (17), a Polícia Federal prendeu Daniel Vorcaro no aeroporto de Guarulhos (SP), durante a Operação Compliance Zero. Segundo os investigadores, ele estava em um jatinho com destino a Malta, tentando deixar o Brasil.
Seis dos sete mandados de prisão foram cumpridos, incluindo o de Vorcaro, além de 25 de busca e apreensão nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Bahia e no Distrito Federal.
Após a prisão, Daniel Vorcaro foi levado para a Superintendência da PF em São Paulo. Procuradas, a defesa dele e a assessoria do banco ainda não se manifestaram.

A prisão de Vorcaro aconteceu horas após o consórcio liderado pelo grupo de investimento Fictor Holding Financeira anunciar a compra do Banco Master — e cerca de dois meses após o Banco Central ter rejeitado a aquisição pelo BRB (Banco de Brasília).
No entanto, ainda nesta terça, o BC determinou a liquidação extrajudicial do Banco Master. Na prática, a instituição avaliou que o banco não tem mais condições de funcionar e que as suas operações sejam encerradas. Isso também significa que a compra em curso é automaticamente interrompida.
O Banco Master já enfrentava risco de falência devido ao alto custo de captação e a investimentos considerados arriscados. Mas os negócios acabaram envolvidos em questionamentos, pressões políticas e falta de transparência.
No caso da venda ao BRB, por exemplo, os dirigentes do BC negaram a operação por entenderem que o pedido não contemplava todos os requisitos necessários para a autorização. Mais especificamente: o BC avaliou que os documentos da compra deixaram dúvidas sobre a “viabilidade econômico-financeira do empreendimento”.
As investigações começaram em 2025, após requisição do Ministério Público Federal, para apurar a possível fabricação de carteiras de crédito sem lastro por uma instituição financeira. Esses títulos teriam sido vendidos a outro banco e, após fiscalização do Banco Central, substituídos por ativos sem avaliação técnica adequada.
São investigados crimes como gestão fraudulenta, gestão temerária, organização criminosa, entre outros.
Liquidação do Banco Master: como ficam correntistas e investidores?
Presidente do BRB afastado
Também nesta terça, Paulo Henrique Costa, presidente do Banco de Brasília (BRB), foi afastado do cargo por decisão judicial no âmbito da operação. O afastamento é pelo prazo de 60 dias, segundo o banco.
Paulo Henrique Costa está nos Estados Unidos, segundo informou o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB).
Além de Paulo Henrique Costa, o diretor-executivo de finanças e controladoria do BRB, Dario Oswaldo Garcia Junior, também foi afastado do cargo.
Em nota, o BRB informou que “sempre atuou em conformidade com as normas de compliance e transparência, prestando regularmente informações ao Ministério Público Federal e ao Banco Central do Brasil sobre todas as operações relacionadas ao Banco Master”.








