Da Redação do Blog – O Museu Olímpico, inaugurado em agosto no velódromo dos Jogos de 2016, apresenta indícios de desvio de R$ 2,1 milhões, segundo investigação em notas fiscais do projeto. A análise de documentos da prefeitura revelou que três empresas com características de fachada receberam pagamentos pelos mesmos serviços já pagos à YDreams Entertainment, empresa que efetivamente realizou as instalações do museu.
As empresas suspeitas são DLX Serviços Especializados e Eventos, Lopes Duarte Assessoria e DHB Empreendimentos Empresariais, que juntas receberam R$ 2,1 milhões entre 10 e 23 de outubro de 2023. A YDreams Entertainment, por sua vez, recebeu R$ 3,6 milhões pelos mesmos serviços executados no museu.
Entre os casos de duplicidade identificados, duas notas fiscais idênticas de R$ 372.785,69 foram emitidas pela YDreams e pela Lopes Duarte por “assessoria de compra de equipamentos”. A DHB recebeu R$ 406 mil por gestão de equipamentos, serviços também pagos à YDreams em duas ocasiões, totalizando R$ 812 mil. Já a DLX recebeu R$ 1,3 milhão por instalação de equipamentos, serviços pelos quais a YDreams recebeu R$ 2,4 milhões.

As conexões entre as empresas levantam suspeitas adicionais. A DLX e a Lopes Duarte pertenciam a Daniel Vicente Salgado Lopes, que era assessor parlamentar na Assembleia Legislativa do Rio durante o período dos pagamentos. A DLX foi aberta apenas cinco meses antes de receber R$ 1,3 milhão. A DHB, por sua vez, pertencia a Edson Diniz Ângelo, morador de quitinete que faleceu em novembro de 2023, pouco após receber os pagamentos.
Procurado pela imprensa, o Instituto Realizando o Futuro, ONG contratada para realizar a museografia, afirmou que as empresas “atuaram em escopos técnicos distintos e complementares” e que todas as despesas foram aprovadas pelos órgãos competentes. A Prefeitura do Rio informou que solicitará nova fiscalização e adotará procedimentos cabíveis caso irregularidades sejam confirmadas. A YDreams disse que atuou como uma das contratadas e não tem informações sobre as demais empresas.
O Instituto Realizando o Futuro recebeu R$ 49,3 milhões pela implementação do Museu Olímpico desde 2023. A obra foi realizada pela Concrejato, que recebeu R$ 69,8 milhões. A entidade faz parte de um grupo de ONGs que recebeu R$ 895 milhões nas duas gestões do prefeito Eduardo Paes, com pico de R$ 265,2 milhões em 2024, ano eleitoral.








