Do Estadão – Desembargadores, juízes e servidores do Tribunal de Justiça da Bahia (TJBA) tinham autorização para firmar empréstimos consignados com o Banco Master, que no último dia 18 foi liquidado pelo Banco Central — parou de funcionar — e teve a cúpula presa pela Polícia Federal (PF). Um dos contratos foi assinado por Luiz Antônio Bull, diretor de Compliance do Master preso preventivamente na Operação Compliance Zero, que apura uma suposta organização criminosa. Procurado, o TJBA não respondeu.
A Corte habilitou o Master a fazer empréstimos com desconto na folha de pagamento de magistrados e funcionários há dois anos e meio. A negociação também vale para aposentados do tribunal.
O primeiro contrato foi homologado em julho de 2023 e venceu em maio passado. Duas semanas depois, outro contrato foi formalizado, com vigência até 2027.
Como mostrou a Coluna do Estadão, militares da Aeronáutica também fazem empréstimo consignado com o Master. O contrato vence em 2029 e abrange fardados da ativa e da reserva.
O que é crédito consignado
O crédito consignado é uma modalidade de empréstimo com desconto em salário. A quantia é debitada diretamente do valor que a pessoa tem a receber no contracheque, seja do governo federal, estadual ou municipal — no caso de servidores públicos —, ou do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) para aposentados e pensionistas.
PF cita ‘falha total’ e diz que BRB só recuperou R$ 12,2 bilhões por ‘pura boa vontade’ do Master
Como mostrou o Estadão, a investigação da PF sobre o Master apontou falhas e omissões do Banco de Brasília (BRB) envolvendo a aquisição de R$ 12,2 bilhões em falsas carteiras de crédito consignado. Segundo a corporação, o banco público só conseguiu recuperar esses recursos por “pura boa vontade” da empresa privada.
Liquidação do Master é uma das maiores da história do País
O BC anunciou no último dia 18 a liquidação extrajudicial do Banco Master, o que representa uma das maiores intervenções bancárias da história do sistema financeiro brasileiro.
De acordo com dados disponíveis no sistema IFData, do BC, em março o Master tinha R$ 86,4 bilhões em ativos, R$ 83,2 bilhões em passivos exigíveis e R$ 3,2 bilhões em patrimônio líquido.
A liquidação extrajudicial é uma medida extrema, que interrompe o funcionamento de uma instituição, retirando-a do Sistema Financeiro Nacional. Isso significa que o banco deixa de funcionar.
Esse regime é adotado quando a situação de endividamento é irrecuperável ou quando há graves infrações às normas de regulação.

Dono do Master foi preso no Aeroporto de Guarulhos
A PF prendeu o dono do banco Master, Daniel Vorcaro, no Aeroporto de Guarulhos, por volta das 22h do último dia 17. A corporação identificou risco de o empresário fugir do País. Ele iria embarcar em um jatinho particular rumo ao exterior.
Outro preso na operação foi Augusto Lima, sócio do Master. Diretores da empresa também foram detidos pela Polícia Federal.
Operação Compliance Zero apura suposta organização criminosa
A Operação Compliance Zero investiga supostos crimes de gestão fraudulenta, gestão temerária e organização criminosa, dentre outros. Investigadores detectaram suspeitas da emissão de títulos de crédito falsos pelo banco Master. Esses títulos teriam sido vendidos ao BRB e, após a fiscalização do Banco Central, foram substituídos por outros ativos sem avaliação técnica adequada.
Em setembro, o BC reprovou a compra bilionária de uma fatia do Master pelo BRB. O BC analisou o processo por cinco meses. Segundo apurou o Estadão, um ponto central da decisão foi o risco de o BRB ser contaminado pelos ativos do Master considerados “podres”.








