Por Priscilla Costa e Priscilla Aguiar da Folha de Pernambuco.
O “testa de ferro” da organização criminosa suspeita de lavar dinheiro para financiar as campanhas do ex-governador Eduardo Campos, em 2010 e 2014, pode ter sido um laranja. Longe do luxo, o empresário Paulo César de Barros Morato levava uma vida aparentemente simples, até um ano antes de sua morte, constatada na noite da última quarta-feira (22), segundo descobriu o Portal FolhaPE. No município de Tamandaré, a 100 km do Recife, Morato vivia como qualquer cidadão comum. Benquisto pelos vizinhos, ele tinha um ponto de venda e conserto de celulares anexado à casa onde morava de aluguel, na rua José Bezerra Sobrinho, onde se concentra o comércio em Tamandaré. Atualmente, um outro inquilino ocupa o lugar e o estabelecimento, em anexo, comercializa milk shakes e açaís.
A Folha de Pernambuco deu um giro no local na sexta-feira (24). A situação recém divulgada pelos jornais – com a morte de Morato e seu envolvimento na Operação Turbulência – gera receio entre os comerciantes e moradores do entorno, que preferiram não se identificar. Ninguém quis mostrar o rosto ou divulgar o nome para defender Morato. Mas, elogios não foram poupados. “Seu Paulo”, como era conhecido, foi descrito como uma pessoa muito querida. Calma, educada, comunicativa, simples e prestativa. As boas referências sobre seu caráter e seu comportamento eram unânimes por toda a rua onde morava. “Falava com qualquer pessoa, de mendigo a advogado. Seu Paulo era maravilhoso e gostava de ajudar. Não tinha tempo ruim com ele”, disse a proprietária de um estabelecimento do entorno.
A Folha tentou contato com o dono do imóvel do qual Morato era inquilino. O homem, conhecido apenas como Inácio, possui uma peixaria em frente à casa. Os funcionários, no entanto, informaram que “ele havia saído, sem hora para voltar”. A reportagem chegou às 10h no local e até o início da tarde, Inácio não havia voltado.
Morato morava com a esposa, que trabalhava como revendedora de uma marca de cosméticos, e ajudava a criar suas duas filhas. “Vivia sorrindo para a gente. Conversava na calçada. Uma pessoa calma, passiva. Um comerciante simples como qualquer outro aqui (em Tamandaré)”, detalhou um dos moradores.







