Do UOL – O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) escolheu o ex-advogado-geral da União André Luiz de Almeida Mendonça como novo ministro da Justiça e Segurança Pública e Alexandre Ramagem para o cargo de diretor-geral da Polícia Federal. As duas nomeações foram publicadas no Diário Oficial da União desta terça-feira.
Mendonça ganhou destaque no noticiário em meados do ano passado, depois que Bolsonaro cogitou a indicação de seu nome ao STF (Supremo Tribunal Federal) e disse que ele se encaixava na definição “terrivelmente evangélico”. Quando foi anunciado pelo presidente para a AGU, Bolsonaro disse que Mendonça era um “advogado com ampla vivência e experiência no setor”. André Luiz de Almeida Mendonça tem 47 anos, 20 deles como advogado da União.
Mendonça substitui Sergio Moro, que pediu demissão na última sexta-feira (24) e declarou que deixava o cargo após Bolsonaro ter exonerado o diretor-geral da PF (Polícia Federal) Maurício Leite Valeixo. O ex-juiz federal era o principal nome do governo Bolsonaro. Tinha popularidade, segundo o Datafolha, mais alta que a do presidente. As taxas giram acima dos 50% de aprovação, enquanto a do presidente patina abaixo dos 40%.
O substituto de Mendonça na AGU (Advocacia-Geral da União) é José Levi Mello do Amaral Júnior, que até então atuava como procurador-geral da Fazenda Nacional.
STF abre inquérito contra Bolsonaro para apurar denúncias de Moro
O ministro Celso de Mello, do STF (Supremo Tribunal Federal) autorizou ontem a abertura de um inquérito contra o presidente Bolsonaro. O pedido foi feito pela PGR (Procuradoria-Geral da República) após declarações dadas na sexta-feira (24) pelo agora ex-ministro da Justiça Sergio Moro, quando anunciou sua demissão do cargo.
O ex-juiz da operação Lava Jato acusou Bolsonaro de tentar interferir politicamente na PF (Polícia Federal) e ter acesso a investigações sigilosas do órgão. Ele ainda disse que não autorizou o uso de sua assinatura eletrônica que apareceu no decreto de exoneração do diretor-geral da PF, Maurício Valeixo. O presidente negou as acusações.
Troca de Valeixo por Ramagem
O juiz federal Ed Lyra Leal, da 22ª Vara Federal do Distrito Federal, negou liminar aos senadores Randolfe Rodrigues e Fabiano Contarato, da Rede Sustentabilidade, para suspender a exoneração do ex-diretor-geral da Polícia Federal Maurício Valeixo, pivô da saída do ex-ministro Sergio Moro do governo Jair Bolsonaro. A decisão mantém a demissão do ex-chefe da PF.
Os parlamentares também pediam à Justiça que barrasse novas nomeações na Polícia Federal que pudessem vir a ser feitas por Bolsonaro após a saída de Valeixo. A justificativa seria a revelação de Moro sobre a tentativa do presidente em intervir na autonomia da corporação, que investiga casos que preocupam o Planalto.
Para o lugar de Valeixo, Bolsonaro escolheu o diretor-geral da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), Alexandre Ramagem. Ramagem é amigo de Carlos Bolsonaro, filho do presidente e investigado pela PF por esquemas criminosos de espalhar fake news.
Irritado com os questionamentos sobre a proximidade de Ramagem com seu filho, Bolsonaro chegou a responder uma seguidora nas redes sociais. “E daí? Antes de conhecer meus filhos eu conheci o Ramagem. Por isso, deve ser vetado? Devo escolher alguém amigo de quem?”.