Por Luís Nassif, do GGN — Depois do impeachment, mais ainda após o fenômeno Bolsonaro, a mídia tupiniquim redescobriu o óbvio, o princípio legitimador da atividade jornalística: a defesa do politicamente correto, da solidariedade, da mediação das forças sociais, dos valores fundamentais da civilização ocidental.
Nem se diga que, mesmo em outros tempos, tenha sido a prática dominante. A mídia atua em mercado. Como tal, está suscetível a dois movimentos. O primeiro, de ser uma espécie de agente pró-cíclico dos movimentos de opinião pública. O segundo, de ser instrumento para outros negócios dos proprietários.
No caso brasileiro, a partir de meados dos anos 2.000 Roberto Civita descobre o público da ultradireita e abre espaço para um jornalismo de ódio que, naqueles primeiros tempos, têm em Olavo de Carvalho e em dois discípulos, Reinaldo Azevedo e Diogo Mainardi, os porta-vozes mais estridentes.

No padrão de mídia ocidental, há os veículos referenciais, aqueles que acompanham e defendem os temas federativos, impondo-se sobre os interesses regionais, e seguem (ou deveriam seguir) um conjunto de valores e princípios, atuando como uma bússola, mesmo em tempos de radicalização. E, no plano global, defensores do modelo da chamada democracia de mercado.
É o caso do The New York Times, Washington Post, The Guardian, Financial Times, Economist, oscilando um pouco à direita, um pouco à esquerda, mas sem fugir dos valores centrais das democracias de mercado.
No caso brasileiro, a ausência de valores consolidados privou a democracia brasileira de um de seus instrumentos centrais. Os grandes veículos tornaram-se pró-cíclicos tanto quanto os programas policiais sensacionalistas. , os movimentos são muito mais acentuados. Se a opinião pública passa a exigir violência, intolerâência, ódio entregue-se o que foi pedido, abrindomão de qualquer veleidade civilizatória, a mídia alimenta, mesmo aqueles veículos que, em algum momento da história, se apresentaram como veículos nacionais.

Pitacos sobre a globalização
Antes de entrar no tema principal, vamos a alguns pitacos sobre o desenvolvimento do capitalismo no século 20,
Sua expansão para os países periféricos foi empreendida com a participação de instituições coordenadoras.
No plano financeiro, a estrutura de bancos centrais – coordenada pelo Banco de Londres, no período de hegemonia britânica. pelo Federal Reserve, no período norte-americano.







