Por André Beltrão — A essa altura em termos de comunicação ela somente poderia ter algum ganho se mudasse totalmente o personagem. Humanizasse. Chorasse. Se arrependesse.
Em entrevista ao Fantástico, da Rede Globo, a primeira dama de Tamandaré, Sarí Côrte Real, disse que não apertou o botão do elevador e pediu a Miguel Otávio, que morreu em 02/06 após ser deixado sozinho no elevador de serviço do prédio onde a primeira dama morava e subiu ao 9º andar e caiu de uma altura de 35 metros, que retornasse à casa até que sua mãe retornasse de um passeio com o cachorro da família.
A polícia, contudo, argumentou que o fechamento da porta, e não o aperto do botão do elevador, seria o ponto mais importante a observar na tragédia que levou à morte de Miguel, de 5 anos. Além de não conferir se a porta do elevador havia fechado, a acusada não verificou se o menino desceu ou subiu do elevador e onde ele estava, uma vez que não retornou ao apartamento.
Sarí Côrte Real é a empregadora da mãe de Miguel Otávio Santana da Silva, de 5 anos, que morreu ao cair do 9º andar do prédio Píer Maurício de Nassau, no bairro de São José, na região central do Recife, enquanto a mãe passeava com o cachorro da família e a patroa estava fazendo as unhas.
Na entrevista, Sarí não demonstrou emoção, e pareceu não compreender a gravidade da tragédia que sua falta de empatia provocou na família do garoto. Perguntada se sentia culpa pela morte de Miguel, Sarí disse que “fez tudo que podia” pelo menino, mas, “se pudesse, voltava no tempo”. Mas não soube dizer o que faria diferente se “pudesse voltar no tempo”. Como, por exemplo, puxar o braço do menino e levá-lo para casa até que sua mãe voltasse da rua.
A mãe de Miguel Otávio, Mirtes Renata Santana, afirmou que seu filho não sabia andar de elevador. Para ela, a patroa foi insensível e irresponsável, e se negou a conceder o perdão pedido pela acusada, e espera que ela seja condenada à pena máxima.
Sarí Côrte Real confessou à repórter que tem medo de ir para a prisão, mas disse que vai aceitar a decisão da Justiça. Ela chegou a ser presa, acusada de homicídio culposo de Miguel, mas pagou fiança de R$ 20 mil e foi liberada. Por fim, foi indiciada por abandono de incapaz, crime que pode dar até 12 anos de prisão.
Tanto Mirtes quanto a avó de Miguel recebiam seus salários da prefeitura de Tamandaré, cujo prefeito é marido de Sarí, Sérgio Hacker (PSB).
É o que imaginei que fizesse. Mas percebi desde a foto de ontem de divulgação que Sarí continuava com a mesma arrogância.
Ou seja, só fez piorar sua imagem de dondoca fria e dissimulada.
Não olhava firme para a repórter, passou o mesmo descaso pela situação, calou algumas vezes, praticamente confirmou que faria tudo de novo do mesmo jeito.
A impressão que deixou é que é uma mulher despreparada, uma mocinha vazia, rasa, patricinha, superficial, sem noção do que vivenciou e provocou. Ela não tem a exata dimensão do ocorrido porque é oca, fútil, egoísta e vaidosa.
Decidir o que falar e treiná-la para isso, se existiu por parte de advogados, não foi obedecido, porque ela foi extremamente infeliz.
Mostrou-se imatura diante de uma criança sem a mãe e em risco – simplesmente não soube o que fazer, não teve qualquer iniciativa para se impor como adulta. Ficou claro demais isso, o que apenas prova mais uma vez a sua culpa.
Sarí foi jogada ás feras nessa entrevista enfim, sem orientação alguma, é o que pareceu. Ela só fez mostrar que ela e Miguel eram duas “crianças” brincando de “esconde-esconde”.
Louve-se a atuação da repórter. Boas perguntas e segurança.
Sarí cavou a própria condenação, tentou sem êxito um tom quase ameaçador dizendo que “muitos precisavam dela” no final, pra contornar depois e dizer que a justiça decidirá. Esqueceu que existe outra voz. A da sociedade.







