Do G1 — Morreu, aos 91 anos, a artista plástica Tereza Costa Rêgo. O falecimento ocorreu na manhã deste domingo (26), na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Santa Joana, no bairro das Graças, na Zona Norte do Recife.
Por meio de nota, a família informou a morte de Tereza e agradeceu as “condolências de mensagens recebidas”. No texto, os parentes destacam a relação da artista com o público. A família não divulgou informações sobre a realização de velório ou de homenagens.
“Elas só mostraram o quão querida ela era por todos. Devemos sempre lembrá-la com amor, gratidão, alegria e saudade por tudo o que Tereza nos proporcionou em vida. Neste momento de dor e profunda tristeza, a família pede aos amigos e amigas, sensíveis compreensões para que ela possa, nos seu convívio, superar a imensurável perda”, afirma a nota.
Um dos maiores nomes da arte modernista em Pernambuco, a pintora estava em casa quando, durante a madrugada de sábado (24), sofreu um acidente vascular cerebral (AVC), conhecido popularmente como derrame cerebral.
Ela foi socorrida ainda em casa por uma equipe médica e levada para a unidade de saúde. No caminho, a artista plástica sofreu uma parada cardíaca e foi reanimada pelos paramédicos. O estado de saúde de Tereza era gravíssimo quando ela deu entrada no hospital.
História
Tereza Costa Rêgo tinha duas filhas, três netas e uma bisneta. Filha de uma família tradicional da aristocracia rural pernambucana, Tereza começou a pintar ainda criança. Aos 15 anos ingressou na Escola de Belas Artes, no Recife. Foi casada durante 14 anos.
Dedicada quase que exclusivamente à pintura, foi contemplada com três prêmios do Museu do Estado e outro da Sociedade de Arte Moderna. Em 1962, realizou a primeira grande exposição, na Editora Nacional.
No mesmo ano, envolveu-se com o dirigente do Partido Comunista Diógenes Arruda e deixou o Recife. Em São Paulo, por motivos políticos, viveu na clandestinidade até 1969, quando seu companheiro foi preso. Aproveitou o tempo fora para se dedicar à arte e aos estudos, formando-se em história na USP.
Ela passou a dar aulas de História para vestibulandos e a trabalhar como paisagista em um escritório de planejamento. Em 1972, quando Diógenes foi libertado, o casal seguiu exilado para o Chile, mas com o golpe militar naquele país fez com que eles voltassem a se mudar.
Tereza e seu companheiro passaram seis anos em Paris, na França. Em nenhum momento ela parou de pintar. Expôs seus quadros, assinando com o nome de Joanna. Fez doutorado em História, na Escola de Altos Estudos da Sorbone, também na França.
De volta ao Brasil, em 1979, Diógenes não resistiu e morreu de ataque cardíaco. Tereza firmou-se como artista plástica de destaque em Pernambuco. Comprou uma casa em Olinda, onde morava e pintava.
Fez mestrado em História na UFPE e trabalhou na Prefeitura de Olinda. Foi diretora do Museu Regional e, por 12 anos, do Museu do Estado de Pernambuco. São Paulo, Rio de Janeiro, Lisboa, Paris e Cuba, entre outros lugares, foram cenário para as exposições da artista.

Frases de Tereza
A artista gostava de pintar animais. Em suas entrevistas, costumava explicar essa paixão. “Sempre que eu trabalho eu boto os bichos porque eu tenho uma relação muito forte com os animais. Eu acho que eu sou mais bicho do que gente”.
Tereza também falava sobre a arte figurativa, que era expressiva na sua obra. “A minha pintura é uma pintura figurativa, mas não é acadêmica e nem é panfletária. Eu tenho trabalho sobre Guararapes, sobre Zumbi, sobre Canudos. Como sou historiadora, eu sempre que posso misturo a história com o meu trabalho.”
Sobre o seu perfil, ela dizia: “Eu sou muito realista. Eu sonho muito, mas meu pé não sai do chão. Eu sou de Touro, que é um signo muito da terra.”

Repercussão
Neta de Tereza, a jornalista Joana Rozowik dsta a artista “era um acontecimento, uma força da natureza. Uma pessoa muito cheia de vida, uma cabeça muito jovem e inquieta”
Segundo uma das netas da pintora, fica a saudade do convívio e “dessa voz coerente que ela sempre foi”.
Para Joana, a pintora Tereza Costa Rêgo “não acaba, continua”. “A grandeza de sua obra, sua contribuição para a arte, a cultura e os costumes de nosso país ficam para o mundo. Agora devemos trabalhar para que seu acervo seja preservado e que mais e mais pessoas tenham acesso a ele”, afirmou, por meio de nota.
A morte de Tereza foi lamentada pelo presidente da Companhia Editora de Pernambuco (Cepe), Ricardo Leitão. Por meio de nota, o jornalista disse que “Tereza Costa Rêgo foi uma mulher e uma artista que marcou a sua geração pela liberdade com que ela viveu e a criatividade com que exerceu a sua pintura”.







