Rede de Intrigas II, por Ricardo Antunes — Depois de alardear ao “mundo inteiro” que tinha o apoio do PSL de Luciano Bivar e Antônio de Rueda, fato que não se concretizou, o candidato do Cidadania, Daniel Coelho, está esperando, agora, o apoio do PSC e do PL para definir se vai manter sua candidatura a Prefeitura do Recife.
Mesmo irritado com o que considerou “traição” do PSL, aos 45 minutos do 2º tempo, o candidato fez hoje caminhadas e manteve sua agenda de campanha.
Seu grupo político também dava como certo o apoio do PSC e do PL, mas desconfia, e com razão, que o deputado André Ferreira (PSC) está fazendo “jogo duplo”. Uma nova conversa entre os dois ficou marcada para amanhã.
O esperado apoio dos dois partidos, que pode garantir o tempo de televisão para o candidato do Cidadania, fez até o pré-candidato Mendonça Filho (DEM) procurar na sexta-feira o líder do PSC, André Ferreira, que desmentiu que isso já esteja decidido.
Obviamente, não se sabe se André blefou ou se está jogando com as duas possibilidades. O fato é que se André e seu irmão, o prefeito de Jaboatão, Anderson Ferreira, quisessem que a oposição ganhasse no Recife, não teriam lançado a candidatura do deputado Alberto Feitosa (PSC). Nem André e nem Anderson querem “sombra” para o projeto do grupo em 2022 de conquistar o Governo de Estado.

A maioria da oposição, no entanto, acredita que foi o ex-tucano que prejudicou toda unidade, desde que saiu a primeira pesquisa onde ele apareceu na liderança.
A pesquisa foi feita pela CBN com o Instituto Simplex, de Caruaru, e gerou desconfiança dos outros candidatos, que imaginaram que ela teria sido “comprada” pela prefeita de Caruaru, Raquel Lyra (PSDB).
A favor de Daniel Coelho, é importante dizer que a pesquisa pode até não ter sido correta, pois não colocou o nome de Patrícia Domingos como “Delegada Patrícia Domingos”, mas não foi “encomendada” para beneficiá-lo.
O Blog chegou a mostrar isso em uma matéria com a proprietária do instituto de pesquisa, que nem faz mais trabalhos para a prefeitura de Caruaru.
Os aliados de Daniel lembram o fato dele ter sido muito correto com a chapa da oposição (Armando, Mendonça e Bruno Araújo) nas últimas eleições de 2018. Todos os três acabaram sendo derrotados por Paulo Câmara (PSB), Humberto Costa (PT) e Jarbas Vasconcelos (MDB).
Ele poderia ter brigado por uma vaga na majoritária e “atrapalhado”, mas jogou pela “união das oposições”.
Contra Daniel registre-se a postura pessoal dele e do seu grupo considerado como arrogante, e que só olha para o “próprio umbigo”, além da “fama” de não cumprir os compromissos políticos com ninguém.
“Daniel virou pavão que nem o pai”, diz uma fonte lembrando do ex-deputado João Coelho (PDT), hoje, um rico empresário e que antes foi assessor do ex-governador Jarbas Vasconcelos no Palácio do Campo das Princesas. Há anos os dois estão rompidos e não se falam mais.

Feitosa seria rifado?
Caso o apoio do Grupo Ferreira se concretize, a candidatura do deputado estadual Alberto Feitosa (PSC) teria que ser rifada. O problema é que as “intrigas” são tantas que nem Mendonça nem Daniel confiam mais em André Ferreira.
Para emprestar seu apoio a algum desses candidatos, o líder do PSC teria dado “um prazo” para que Feitosa chegasse a 6% nas pesquisas. Do contrário, o grupo iria para Daniel ou Mendonça e indicaria o vice em uma das chapa.
O “boato” que foi espalhado em toda a cidade já havia irritado o coronel Alberto Feitosa: “Jamais isso foi tratado comigo. André e Anderson são pessoas decentes e eu não me passaria para isso depois de quatro mandados de deputado estadual”, desabafou ele, há um mês, tão logo essa informação circulou nos meios políticos.
O blog ligou para o deputado para confirmar se houve esse acordo, mas o parlamentar não quis nem comentar o assunto: “Como você pode observar pelo barulho, estou trabalhando para ganhar a eleição. Não vou me meter em futrica”, disse enfático, o deputado que acredita que ninguém representa melhor o “bolsonarismo” do que ele.
“Nas últimas eleições, os candidatos que começaram com 1% ou 2% acabaram ganhando a eleição”, acrescentou Feitosa, mostrando confiança no eventual apoio do presidente Jair Bolsonaro.
Sobre o “festival de baixaria” a que se chegou, e a falta de unidade que pode beneficiar João Campos (PSB), nenhum pré-candidato quis falar. O blog, no entanto, passou o dia todo conversando com fontes ligadas a todos eles.
Interlocutores de Daniel Coelho dizem que, quem primeiro começou a “bagunça” teria sido o próprio Mendonça Filho (DEM). Eles alegam que o ex-ministro tinha um compromisso com a candidatura de Daniel depois que perdeu a eleição para o senado.
Por sua vez, correligionários de Mendonça Filho qualificam isso como “delírio completo”: “O grupo de Daniel é o maior produtor de ‘fake news’ de Pernambuco”. “E todo mundo sabe disso”, completou a mesma fonte.
O blog apurou que, ao contrário do que tentou demonstrar, Daniel Coelho ficou muito irritado com a saída do PSL de seu “palanque”. No último dia 22, por exemplo, o candidato do Cidadania foi visto ao lado dos advogados Carlos de Andrade Lima e Augusto Quidute, que são sócios do mesmo escritório de advocacia. Foi na festa de aniversário do produtor e empresário Rodrigo Carvalheira, no Cais Rooftop, no Bairro do Recife.
A ironia é que uma semana depois, Carlos de Andrade, seria lançado candidato à prefeito do Recife pelo PSL.

Daniel no “niver” de Rueda
Daniel tinha tanta certeza do apoio do PSL, que ele pegou um voo para São Paulo apenas para participar do almoço de aniversário de Antônio de Rueda no sexta-feira, 14. O encontro foi no Café de Lá Musique e o vice-presidente nacional do PSL mostrou prestígio. Por lá passaram, além de Daniel Coelho, Arthur Lira (PP), candidatíssimo a sucessão de Rodrigo Maia (DEM), Ciro Nogueira (PP), dentre outros.
Além de Mendonça, eles “apontam a metralhadora”, também em direção ao ex-senador Armando Monteiro Neto, que se disse “líder da oposição”, mas na verdade “não liderou coisa alguma.
Outro alvo é o candidato derrotado ao senado, Bruno Araújo, presidente nacional do PSDB e que está internado com Covid-19, no hospital Sírio Libanês, em São Paulo: “Esses três são o câncer da oposição e não elegem juntos nenhum vereador”, acrescenta o mesmo integrante do grupo.
Mendonça ganha apoio do PTB
Por enquanto, o que se sabe é que, dos candidatos mais expressivos, somente Mendonca Filho tem confirmada a sua candidatura. Ele já tem o apoio do PSDB e do PTB, através do ex-senador Armando Monteiro, que já falou com Roberto Jefferson, presidente nacional do PTB.
Do líder maior do PTB, Armando ouviu que não haverá intervenção alguma se a escolha for essa. “Mendonça Filho é um homem honrado e sempre teve uma posição contra o PT que é nosso maior inimigo”, disse Roberto Jefferson ao nosso blog, também na última sexta-feira.
A situação de Daniel Coelho, no momento, é a mais crítica. Se ele não viabilizar o apoio do PSC e o PL, e sem tempo de televisão, sozinho e isolado, a única saída será desistir de sua candidatura.
Outro líder da oposição, Fernando Bezerra Coelho (MDB), só fez acirrar mais ainda a confusão ao desfilar essa semana com Mendonça Filho, em Brasília, por vários ministérios.
A “ciumeira” foi grande, mas o périplo que o candidato do DEM fez por Brasília, mostrou seu prestígio e capacidade de articulação. Nenhum pré-candidato a prefeito foi capaz, até hoje, de fazer isso. Mendonça visitou pelo menos cinco ministros, levando a todos eles projetos para a cidade do Recife.

O “faz de conta” de FBC e André Ferreira
Mas engana-se quem pensa que Fernando Bezerra Coelho gostaria de ver algum nome da oposição sentado na cadeira hoje ocupada por Geraldo Júlio (PSB). Foi dele a ideia de lançar o deputado Marco Aurélio (PRTB) para prefeitura, como forma de complicar ainda mais o baralho do grupo oposicionista: “Fernando não muda. Continua pensando nele e na sua família”, disse uma fonte do PSB ao analisar todo o imbróglio das últimas semanas.
Resumindo: Com FBC e André Ferreira, os dois únicos líderes que têm duas máquinas de prefeitura nas mãos, jogando contra e pensando no “projeto familiar” de cada um, a chance de um candidato da oposição chegar ao segundo turno parece que diminuiu nas últimas 72h.
Outra velha “raposa” da política, com mais de 4 mandatos na capital federal, resumiu assim o atual estado da oposição pernambucana: “Sem uma liderança que tenha se esforçado em construir a unidade, vale o ditado popular. Em casa onde falta pão, todos brigam e ninguém tem razão”.
Não existe mesmo provérbio mais oportuno para toda essa “patuscada”.
É o epílogo trágico que se está desenhando para o final dessa novela com enredo duvidoso.
Amanhã conto mais.