Com informações da Assessoria de Imprensa
Uma das coisas
mais fantásticas do gênero documentário é seu poder de congelar memórias. Para
quem conhece a premiada imagem dos meninos albinos do fotojornalista Alexandre
Severo – morto no mesmo acidente aéreo que levou precocemente o ex-candidato à
Presidência da República e ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos -, ver o
menino Kauan na tela do Cinema São Luiz na noite da última quarta-feira (31)
foi rememorar uma história que Severo contou com os olhos.
Ainda mais
emblemático foi comparar o jovem de 16 anos que subiu ao palco do Cine PE
com o menino de 11 que estrelou o curta “Cor de Pele”, de Lívia Perini.
Desenvolto nas imagens gravadas em 2014, Kauan mostrou-se tímido diante da
plateia.
“Cor de Pele”,
que concorre na Mostra Competitiva de Curtas-Metragens Nacionais, acompanha um
menino albino, nascido de pais negros, que descreve de forma espontânea a
rotina de sua atípica família, formada por três irmãos albinos e três negros.
No telão, uma criança que questiona o preconceito e a tecnologia, e arranca do
público uma salva de palmas e assobios.
No palco, um retratado que cresceu,
formou seu caráter, mas que poderá – como ele mesmo diz na película – revisitar
um mesmo momento pelo resto da vida, graças à produção audiovisual. Foi essa
constatação que proporcionou um clima nostálgico, mas também muito
contemporâneo, à terceira noite de exibições do 23º Cine PE. O filme
dividiu a programação com outros seis curtas.
Abrindo a
noite, foi exibida a animação pernambucana “Quando a Chuva Vem?”, de Jefferson
Batista, um stop-motion que remonta a seca que assolou o Nordeste brasileiro
entre os anos de 1979 e 1985. Depois o festival exibiu “Sobre Viver”,
documentário gravado em Caruaru que fala sobre prostituição. “Obeso Mórbido”,
de Diego Bauer e Ricardo Manjaro, trouxe para o evento uma discussão sobre
obesidade e a ditadura do emagrecimento. Contado em forma de poesia, “É Difícil
te Encontrar”, de Sabrina Menedotti, também integrou a programação.
Além deles,
foram exibidos “A Pedra”, que acompanha uma família em um passeio frustrado de
rafting, e a animação “Apneia”, que aborda, de forma poética e delicada, temas
difíceis como maternidade e abuso sexual. Por fim, o público do Cine PE
assistiu ao documentário em longa-metragem “Vidas Descartáveis”, que aborda a
temática do trabalho escravo moderno no Brasil, último país a abolir
oficialmente a escravidão.
Nesta
quinta-feira (1º), a partir das 19h30, o Cine PE exibe os curtas
“Coleção”, “Guará”, “Casa Cheia”, “Vinnilis Frutiferis”, “Só sei que foi Assim”
e o longa-metragem “Um e Oitenta e Seis Avos”. As entradas são gratuitas.