Por Ricardo Antunes
Uma geração de intelectuais praticamente foi dizimada pela revolução socialista mas o país teve inegáveis avanços na área de educação e saúde. Nos anos 70, a maioria dos jovens admirava ele e Che Guevara, acalentados pela possibilidade do sonho socialista que se revelou um fracasso. Com sua morte se vai o último mito comunista.
Fidel Castro tem que ser entendido como um líder de uma época em que o mundo se dividia em apenas dois lados:. O capitalismo e o socialismo. Por isso, sua morte, desperta paixão e ódio, alegria e tristeza em todo mundo. O veterano e um dos melhores jornalistas do Brasil, Clóvis Rossi, resumiu bem em artigo na Folha de São Paulo: “Morre na verdade a esquerda que poderia ter sido e não foi, a que poderia ter sido um a utopia libertária e acabou sendo como tantas outras que ensanguentaram a América Latina”.
Com 57 anos, Cuba é a ditadura de mais longa duração da história latino-americana. Os guerrilheiros que derrubaram o ditador Fulgêncio Batista prometeram eleições livres mas, como todo bom “revolucionário” a idéia foi logo abandonada. A ONG Human Rihts Watch, uma das mais respeitadas do mundo, estima que, de janeiro a outubro de 2015, houve cerca de 6.200 detenções arbitrárias. Mais de 10 mil foram mortos ou desaparecidos no regime que instalou o “paredon” para os que ousavam discordar. Embora Cuba seja o único país da América Latina a cumprir as metas mundias da educação da ONU, com uma taxa de analfabetismo de 0,3% contra 7,4% do Brasil, o regime sempre dependeu do apoio externo para sobreviver economicamente. Ou seja é inviável, do ponto de vista da economia a ponto das pessoas terem uma cota de quatro pães por dia e viverem em situação de ṕobreza.
Cuba tem de ser entendida como a narrativa de um sonho socialista que, hoje, não existe mais desde a derrocada do império soviético e pelos movimentos pró-democracia de 1989 no Leste Europeu que culminou com a queda do Muro de Berlim. Era charmoso usar a camisa de Che ( eu mesmo usei) e propagar a narrativa do mito de “Cuba Livre” com conquistas sociais em contra-partida ao império norte-americano que encarnava todo o mal.
Se eu “trocaria” o ideal de um país em que “nenhuma criança vai dormir com fome hoje ” para viver num lugar sem liberdade de expressões, eleições livres e censura á imprensa ? claro,que não. E por que não? Por que entendo que qualquer indivíduo deve manifestar, livremente, suas opiniões, ideias e pensamentos pessoais sem medo de retaliação ou censura por parte do governo. Ditadura seja de esquerda ou direita são abomináveis. E Fidel, com todo “charme” que tinha, não deixou de ser um ditador como outro qualquer.
TORONTO, ON: Fidel Castro. Photo taken by Boris Spremo/Toronto Star Feb. 1, 1976. (Boris Spremo/Toronto Star via Getty Images)







