Natália Portinari e Jussara Soares, do Globo — Sob fogo cruzado da ala governista e da independente do DEM, o presidente do partido, ACM Neto, tenta evitar que um aliado, João Roma (Republicanos-BA), vire ministro da Cidadania. Ele foi indicado por Marcos Pereira, presidente do Republicanos, mas ACM Neto teme que seu nome seja associado à nomeação, já que Roma é seu ex-chefe de gabinete.
Neto é alvo de críticas da ala que quer marchar com Jair Bolsonaro em 2022, como o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, e os deputados Arthur Maia (BA), Elmar Nascimento (BA) e Paulo Azi (BA). Enfrenta também a ameaça de Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente do partido, de deixar a sigla após ter se sentido abandonado na eleição para a presidência da Câmara.
Em meio a essas tensões na sigla, o ex-prefeito de Salvador acredita que a nomeação de um ministro que possa ser vinculado a ele colocaria em xeque sua independência. Nos bastidores, tenta derrubar a indicação.

O Republicanos já sinalizou ao Planalto que o deputado João Roma (BA) segue como a opção do partido para o assumir o Ministério da Cidadania. E, no governo, a nomeação dele já é considerada certa, apesar de possíveis pressões que possam ocorrer até a publicação no Diário Oficial da União (DOU).
A proximidade de Roma com ACM Neto é vista como positiva pelo presidente Bolsonaro, que nunca escondeu o desejo de ter o ex-prefeito de Salvador mais perto.
A expectativa é que as mudanças no primeiro escalão ocorram após o Carnaval. Atual ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni, assumirá a Secretaria-Geral da Presidência.
Aliados de Bolsonaro no Congresso já admitem que as primeiras mudanças devem ser pequenas, mas esperam que, aos poucos, o presidente faça trocas nos ministérios. Políticos do Centrão defendem substituições na Saúde, Desenvolvimento Regional e no Itamaraty.
Nesta sexta-feira, ACM Neto desmentiu também rumores de que possa estar cotado para ser vice-presidente de Bolsonaro em 2022. “Não é hora de falar de eleição. Não existe qualquer possibilidade de eu ser candidato a vice-presidente de Bolsonaro nem de ninguém”, disse, em nota.







