Por Ricardo Antunes — Mesmo com toda confusão que provocou ao criticar a China, fazer alianças com Trump (apesar de saber que haveria eleição e ninguém fica eternamente no poder) e desdenhar da Índia;
Mesmo com toda afronta ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e à senadora Kátia Abreu, acusada de fazer lobby para o 5G dos chineses;
Mesmo com todas as trapalhadas e incapacidade intelectual de entender o que é ser um chanceler;
Mesmo afrontando o Centrão, que é a base do governo Bolsonaro, o ex-ministro Ernesto Araújo ainda queria continuar no cargo.
É inacreditável, mas é verdade.
Hoje de manhã, ele recebeu um recado do Palácio do Planalto: peça para sair, senão será demitido até o fim do dia. Peça demissão para não ser demitido.
E assim foi feito. Humilhado, Ernesto pediu demissão, cumprindo a última ordem que recebeu no governo Bolsonaro.
PARA BOM ENTENDEDOR
Ao anunciar a sua demissão do Ministério da Defesa, o general Fernando Azevedo agradeceu ao presidente Bolsonaro e aos Comandos Militares. Chama atenção, no entanto, o trecho em que ele afirma ter preservado as Forças Armadas como “instituições de Estado”. Todo mundo entendeu que foi um recado a Bolsonaro.

DEBANDADA
A saída de Azevedo fez os comandantes das três Forças Armadas – Exército, Marinha e Aeronáutica – se reunirem para discutir uma renúncia conjunta aos cargos. Se a renúncia se concretizar, será inédito na história da República.
SURPREENDENTE
O jornalista Mauro Lopes escreve sobre a surpreendente reforma ministerial de Bolsonaro: “Todo o cenário não tem cara de entrega de governo ao Centrão. Tem, isso sim, um aspecto sinistro, com o jeito de Bolsonaro. O governo não está ampliando sua base política. Parece estar entre o fechamento e a queda.”
DESAFETO
O novo ministro da Justiça, nomeado por Bolsonaro, é um dos maiores desafetos de Sergio Moro. Nos bastidores, o ex-juiz disse, várias vezes, que o sonho de Anderson Torres sempre foi ocupar o seu lugar no ministério.

FARPAS
Sergio Moro e Anderson Torres trocaram farpas publicamente várias vezes. Numa delas, Moro deixou claro que pediria demissão se a pasta de Segurança Pública fosse criada para abrigar Torres.
DE NOVO
O Brasil bateu hoje novamente o recorde na média de mortes por covid-19 nos últimos sete dias. Com o registro de 1.969 mortes nas últimas 24 horas, o país chegou à média de 2.655 óbitos. Até então, a maior marca era de ontem, 2.598. É o quarto dia consecutivo em que o Brasil quebra seu próprio recorde.
CARTA
Governadores de 16 estados assinaram na tarde desta segunda (29) uma carta pedindo “verdade e paz”. Os gestores agradeceram o trabalho dos profissionais de saúde na pandemia e criticaram o “incitamento a motins”, em referência a episódio desta segunda-feira, em que políticos bolsonaristas usaram a morte de um policial militar que passava por um surto psiquiátrico, para sugerir desobediência às medidas sanitárias de combate à pandemia.
ASSINATURAS
O documento trouxe a assinatura de governadores de diversos partidos e regiões do Brasil, como Paulo Câmara (PSB-PE), João Doria (PSDB-SP), Ronaldo Caiado (DEM-GO), Helder Barbalho (MDB-PA) e Eduardo Leite (PSDB-RS).
FOTO DO DIA
Pessoas brincam com pó colorido enquanto celebram Holi, o festiva de cores da primavera, em um clube em Calcutá, Índia

Coluna do Ricardo Antunes, Segunda-Feira, 29/03/2021.
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*Ricardo Antunes é jornalista, repórter investigativo e editor do Blog do Ricardo Antunes. Tem pós graduação em Jornalismo político pela UnB (Universidade de Brasília) e na Georgetown University (EUA). Passou pelo principais jornais e revistas do eixo Recife – São Paulo – Brasília e fez consultoria de comunicação para diversas empresas públicas e privadas.
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