Por Ricardo Antunes
A paixão na política não é apenas um defeito. Ela age como má conselheira e traz a “pressa que aniquila o verso”, frase que muita gente coloca na conta do poeta Carlos Pena Filho mas que, na verdade, é do também poeta e jornalista, Edson Régis. Traído pelas principais lideranças do PSB numa eleição que poderia ter ganho em Olinda, o advogado e escritor, Antonio Campos, anunciou essa semana o seu desligamento do partido: fez o certo na hora errada. Voz dissonante no PSB q comandado a ferro e fogo pelo seu irmão, o ex-governador Eduardo Campos, Tonca abdicou de um espaço que bem ou mal tinha no partido, e capitulou em sua guerra aberta com a cunhada Renata Campos e o governador Paulo Câmara,além do prefeito do Recife, Geraldo Júlio.
O neto do ex-governador Miguel Arraes fez o que seu avô e seu irmão jamais fariam: tinha todo o tempo do mundo para ficar no partido e continuar a marcar sua posição de crítica e independência incomodando seus “inimigos”. Tinha também um espaço natural na mídia local e nacional pois ajudou o PSB e teve a coragem de ir contra os atuais “donos” do partido que não o aceitam como natural herdeiro do espólio do ex-governador- que ele até não se incomodava em “dividir” com João Campos, o filho do ex-governador.
Ao anunciar sua desfiliação do PSB, Antonio Campos, comete um erro estratégico. Bem ou mal, continuar apontando as falhas do grupo hegemônico do PSB lhe renderia muito mais espaço na mídia e dentro do mesmo já que existem várias pessoas que se opôem ao comportamento de suas principais lideranças que, mais cedo ou mais tarde, serão objetos de desgaste com as operações da Lava Jato.
Intelectual respeitado, com as mãos limpas, Tonca preferiu desistir de lutar no próprio partido deixado órfãos dezenas de pessoas. E pior: terá dificuldade em ser aceito por outra legenda a não ser que seu projeto passe por um partido de menor porte. De uma forma ou de outra, o advogado que sonha em ser candidato a deputado federal em 2018, cometeu um erro e mostrou “fraqueza” ao capitular diante dos seus inimigos que agora respiram aliviados. “Não existe dúvida de que ele fora do partido vai causar menos desconforto do que dentro”, avaliou ao blog um interlocutor do Palácio das Princesas.







