Por Juliana Dal Piva do UOL – André França, advogado que representa tanto o vereador Jairo Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho, como a professora Monique Medeiros da Costa e Silva, esteve na tarde da quarta-feira (7) em um encontro em seu escritório com a nutricionista Ana Carolina Ferreira Netto. Ela é ex-mulher do parlamentar e registrou boletim de ocorrência contra ele por um episódio de violência doméstica em 2013. Ana Carolina foi intimada para depor nesta sexta-feira (9) como testemunha no caso da morte do menino Henry. A reunião entre o defensor e Ana Carolina ocorreu ontem na parte da tarde, às 14 horas.
UOL pediu esclarecimentos ao advogado André França sobre o motivo do encontro, mas ainda não obteve retorno. A coluna também tenta contato com Ana Carolina. O vereador e Monique Medeiros da Costa e Silva foram presos hoje por suspeita de atrapalhar as investigações que apuram as circunstâncias da morte de Henry há um mês. A Polícia Civil e o Ministério Público encontraram mensagens que mostram que o menino foi agredido por Jairinho em fevereiro deste ano. Uma autópsia do corpo de Henry mostrou que ele morreu com múltiplas lesões e teve o fígado dilacerado.
Pessoas próximas à ex-mulher do vereador relataram à coluna que a nutricionista está bastante abalada desde que o caso veio à tona e foram reveladas as agressões sofridas por ela anos atrás. “Ela só chora há semanas”, contou uma pessoa conhecida, que pediu anonimato. “Está transtornada”, continuou. Ana Carolina estaria preocupada com a exposição dos filhos dela com o vereador devido ao caso.
Testemunhas no escritório
Na decisão que determinou a prisão, a juíza Elizabeth Louro descreveu que o caso enfrenta riscos para a coleta de provas. A magistrada relatou que foi verificado ao longo da apuração do crime que diversas testemunhas, ligadas ao casal, foram no escritório do advogado de defesa do casal antes de comparecer à delegacia para prestar esclarecimentos sobre o caso.
“As mesmas testemunhas, ligadas aos investigados, que prestaram depoimentos contraditórios, antes de se dirigirem a unidade policial atendendo à convocação da autoridade para deporem, foram levadas ao escritório do patrono de ambos — em procedimento tão inusitado quanto antiético — previamente orientadas a assim agirem pelos investigados, segundo seus próprios depoimentos”, escreveu a magistrada.
Ana Carolina relatou na delegacia, em janeiro de 2014, que Jairinho a agrediu várias vezes. Em 29 de dezembro de 2013, o casal começou a discutir na garagem do prédio porque ela viu ele falando com outra mulher no telefone. Durante a briga, ele a segurou pelo braço e chegou a arrastá-la até a cozinha. Depois passou a chutá-la por diversas vezes, em meio a diversos xingamentos.
Ela chegou a fazer um exame de corpo de delito no dia 3 de janeiro de 2014, cinco dias depois da agressão. Na ocasião, ficou registrado que ela chegou a ser atendida no Hospital Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, e os exames verificaram quatro equimoses ou hematomas nas pernas e nos joelhos. Além disso, foi verificado um hematoma no braço.
Depois disso, Ana Carolina compareceu ao MP e solicitou a retirada das acusações e acabou arquivado. No entanto, segundo a legislação, casos de violência contra mulher devem prosseguir mesmo sem o aval da vítima.