O desemprego no Brasil voltou a subir no trimestre encerrado em fevereiro e agora atinge 14,4% da população, percentual equivalente a 14,4 milhões de trabalhadores. O resultado, divulgado nesta sexta-feira (30) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), é o pior da história para o período entre dezembro e fevereiro já registrado pela Pnad Continua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), com série histórica iniciada em 2012.
O novo dado representa uma alta de 2,9% (400 mil pessoas) na taxa de desemprego em relação ao trimestre encerrado em novembro, quando a desocupação atingia 14 milhões de profissionais. Já na comparação com o período compreendido entre novembro e janeiro, o dado corresponde a uma estabilidade.
Na análise com o mesmo período de 2020, o volume de desempregados cresceu 16,9%, com mais de 2,1 milhões de novos desocupados no período de um ano. Cabe ressaltar que o mês de fevereiro do ano passado foi o último sem nenhum impacto da pandemia do novo coronavírus no ambiente econômico nacional.
A analista responsável pela pesquisa, Adriana Beringuy, destaca que, apesar da estabilidade na taxa de ocupação, é possível notar uma pressão maior com o atual número de desocupados. “Não houve, nesse trimestre [encerrado em fevereiro], uma geração significativa de postos de trabalho, o que também foi observado na estabilidade de todas as atividades econômicas, muitas ainda retendo trabalhadores, mas outras já apontando um processo de dispensa”, analisa ela.
Em fevereiro, o contingente de pessoas ocupadas no Brasil ficou em, aproximadamente, 85,9 milhões, número decorrente do crescimento dos trabalhadores por conta própria (23,7 milhões). Em relação ao mesmo trimestre do ano anterior, o contingente de pessoas ocupadas apresentou queda de 8,3%, o que corresponde a uma redução de 7,8 milhões de pessoas ocupadas.
O resultado negativo da Pnad surge no mesmo momento em que os dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do Ministério da Economia, aponta para a criação de 837.074 vagas formais nos três primeiros meses de 2021. A diferença de metodologia e os grupos analisados pelas pesquisas ajudam a justificar a disparidade entre os indicadores.