Por Bloomberg, Reuters e AFP e O Globo
Os EUA e a China chegaram a um acordo parcial na sexta-feira que deve levar a uma trégua na guerra comercial e lançar as bases para um acordo mais amplo a ser assinado pelos presidentes Donald Trump e Xi Jinping ainda este ano, de acordo com pessoas familiarizadas com o assunto.
Como parte do acordo, a China concordaria com algumas concessões agrícolas e os EUA forneceriam algum alívio tarifário. O acordo é provisório e está sujeito a alterações enquanto Trump se prepara para se encontrar com o vice-primeiro-ministro da China Liu He mais tarde, nesta sexta-feira.
O acordo em discussão, que está sujeito à aprovação de Trump, suspenderia um aumento tarifário planejado para 15 de outubro. Também pode atrasar – ou cancelar – as taxas programadas para entrar em vigor em meados de dezembro. Esse acordo seria o primeiro avanço na guerra comercial de 18 meses que vem afetando as economias de ambas as nações.
Embora um acordo limitado possa resolver alguns problemas de curto prazo, várias das disputas mais espinhosas permanecem pendentes. Os objetivos dos EUA na guerra comercial se concentram em acusações de roubo de propriedade intelectual, transferência forçada de tecnologia e reclamações sobre subsídios industriais chineses. Não se espera que o acordo parcial aborde esses itens, segundo a Bloomberg.
Trump tuitou mais cedo que “coisas boas” estavam acontecendo nas reuniões – e que, se os países chegassem a um acordo, ele seria capaz de assiná-lo sem um longo processo de aprovação do Congresso.
“Coisas boas estão acontecendo na Reunião de Negociações Comerciais com a China. Sentimento melhor do que no passado recente, mais parecidos com os Velhos Tempos. Vou me encontrar com o vice-premiê hoje. Todos gostariam de ver algo significativo acontecer!”, escreveu Trump no Twitter.
‘Objetivo mais viável’
Um jornal estatal chinês disse nesta sexta-feira que um acordo comercial “parcial” beneficiaria os dois lados, e que os EUA deveriam aceitar a oferta, refletindo o objetivo da China de esfriar a briga antes que mais tarifas entrem em vigor.
Além disso, o jornal oficial China Daily disse em um editorial escrito em inglês nesta sexta-feira: “um acordo parcial é um objetivo mais viável.”
Ambos os lados aplicaram impostos sobre centenas de bilhões de dólares em mercadorias um do outro durante a disputa, e Trump vinha ameaçando aumentar as taxas sobre cerca de US$ 250 bilhões em produtos chineses 25% para 30%.
Na quinta-feira, Liu disse que a China está disposta a chegar a um acordo com os Estados Unidos sobre questões importantes para ambos os lados, a fim de evitar que o atrito leve a uma piora da guerra comercial.
Segundo o secretário do Tesouro americano, Steven Mnuchin, “tivemos dois dias de conversas muito produtivas” com os negociadores chineses. Mnuchin falou a jornalistas nesta sexta-feira antes da reunião de Trump com Liu.
— Faremos mais anúncios depois que nos reunirmos com o presidente Trump.
Perguntado se os investidores estavam certos em ter esperança sobre lum acordo, Mnuchin disse a repórteres da Casa Branca “que o mercado de ações está sempre certo”. Ele observou que Trump será informado sobre o resultado das negociações antes de sua reunião agendada com Liu.
A China enviou um convite oficial a Mnuchin, o representante comercial dos EUA Robert Lighthizer e suas equipes para negociações comerciais na China antes da Cúpula de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec, na sigla em inglês) no próximo mês, segundo um tuíte da CNN.
Movimentos da China
O órgão regulador de valores mobiliários da China também divulgou nesta sexta-feira um cronograma firme para eliminar os limites de propriedade estrangeira em empresas, valores mobiliários e fundos de investimento pela primeira vez. O aumento do acesso estrangeiro ao setor está entre as demandas dos EUA nas negociações comerciais.
Pequim disse anteriormente que abrirá ainda mais seu setor financeiro em seus próprios termos e em seu próprio ritmo.
Em Pequim, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Geng Shuang, disse que a China quer “aumentar o progresso positivo” das negociações.
As autoridades chinesas também estão se oferecendo para aumentar as compras anuais de produtos agrícolas dos EUA, informou o Financial Times na quarta-feira, citando fontes não identificadas.
Um acordo cambial EUA-China também está sendo apresentado como um símbolo do progresso nas negociações entre as duas maiores economias do mundo, embora isso repita amplamente as promessas anteriores da China, dizem especialistas em câmbio, e não mudará a relação dólar-iuan que tem sido um fator de reclamação de Trump.







