Um novo projeto de empreendimento na Zona Norte do Recife motivou o presidente da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), Antônio Campos, a contatar o Conselho de Desenvolvimento Urbano (CDU), da Prefeitura do Recife (PCR). No e-mail, enviado nesta sexta-feira (14), o advogado e escritor requer vistas do processo que licencia o projeto Burle Marx Open Mall, às margens do Jardim de Burle Marx, área tombada na Praça de Casa Forte.
O Instituto dos Arquitetos do Brasil, de Pernambuco, e a Secretaria de Política Urbana e Licenciamento, da PCR, também foram contatados.

“É uma trágica tentativa de desconfiguração do entorno diretor do Jardim e da Praça de Casa Forte, que perde a leveza do traçado atual para ganhar paredões verdes, confundindo a leitura paisagística do lugar tombado, merecendo desaprovação ou novas adequações”, defende o presidente da Instituição, sediada no mesmo bairro. Ele destaca ainda, a elevação no tráfego de veículos que o empreendimento poderá provocar na área.
“Além de não comportar o aumento do fluxo de carros e caminhões, ele provocará também uma poluição sonora que prejudicará o ecossistema da área”, observa. As ações da Instituição Federal em defesa da preservação história e patrimonial não são de hoje, pois tratam-se de uma de suas principais missões. Não à toa, mantém o Centro de Estudos da História Brasileira (Cehibra).
Prova disso, é a ação pelo tombamento do completo arquitetônico e histórico do campus Casa Forte, onde estão situados a sede da Fundaj, o Museu do Homem do Nordeste e o imóvel especial de proteção Solar Francisco Ribeiro Pinto Guimarães.

O contato feito pelo presidente da Fundaj ocorre no momento em que o projeto de construção de uma unidade do Atacado dos Presentes está paralisado. No projeto apresentado, a rede atacadista pretende erguer um prédio de 21 mil metros quadrados.
A menos de um quilômetro de distância entre os dois, ambos estão situados em área protegida pela Lei dos 12 Bairros (Lei nº 16.719), que reconhece o perímetro como zona histórica da capital pernambucana. Em ambos os casos, o Plano Diretor do Recife (Lei Municipal 17.511/2008) determina a apresentação de estudos de impacto e o diálogo com a população do entorno.
“Difícil é entender que a Prefeitura do Recife jamais tenha aberto um maior debate sobre tais empreendimentos com a sociedade, especialmente com a comunidade de Casa Forte e do Poço da Panela, que serão diretamente atingidas”, declara Campos. “Casa Forte não se chama Forte por acaso. Nomeia uma batalha. A capacidade de resistência do povo recifense.
De enfrentar as agressões que sofre a cidade. E não foram poucas, ao longo da História. Agora, trata-se de impedir construções que podem afetar o bem-estar de uma comunidade que, mesmo não sendo ouvida pela Prefeitura, quer continuar decidindo o seu próprio modo de viver.”




