Mais quatro policiais militares envolvidos na repressão ao protesto pacífico contra Bolsonaro (sem partido) prestam depoimento à Polícia Civil nesta quarta-feira (16). Eles são soldados da Radiopatrulha investigados por suspeita de terem disparado o tiro no rosto do adesivador de táxis Daniel Campelo, que perdeu a visão no olho atingido, porque dentro da viatura em que estavam havia uma espingarda de balas de borracha.
O depoimento ocorre na 1ª Delegacia Seccional de Santo Amaro, na Rua Frei Cassimiro, no Centro do Recife. O advogado Rafael Nunes, que os representa, chegou ao local por volta das 8h e, às 9h23, entrou na delegacia o primeiro soldado a depôr.
Os nomes dos policiais não foram divulgados. Eles tiveram a ouvida requisitada pelos delegados Kelly Luna e Breno Maia, responsáveis pelas investigações da conduta violenta da Polícia Militar (PM) ao reprimir a manifestação realizada no Centro do Recife no dia 29 de maio.
Segundo o advogado, o tiro que atingiu o olho de Daniel Campelo não foi disparado pelos policiais da Radiopatrulha, mas do Batalhão de Choque. Ele disse que a espingarda encontrada na viatura faz parte de procedimento de praxe da atuação da Radiopatrulha.
“Era impossível ter sido os policiais da Radiopatrulha. O trabalho da Polícia Civil vai ser no tocante a descobrir o policial do Batalhão de Choque que efetivou o disparo [que atingiu o olho de Daniel]. Eu acho muito difícil porque a própria arma a perícia técnica tem uma dificuldade de identificar por causa da questão do cano liso. Isso é um trabalho que fica a cargo da Polícia Civil”, afirmou o advogado.

Ao menos duas viaturas da Radiopatrulha foram enviadas ao local do ato. Embora façam parte da mesma equipe, os policiais que são ouvidos nesta quarta-feira (16) não são os PMs da Radiopatrulha que negaram socorro a Daniel Campelo na Rua da Aurora e que, posteriormente, agrediram a vereadora Liana Cirne (PT) com spray de pimenta no rosto, na Ponte Santa Isabel.
Na viatura dos policiais que agrediram Liana Cirne, não havia arma de bala de borracha. Esses agentes prestaram depoimento no dia 8 de junho. Eles e os quatro soldados que são ouvidos nesta quarta (16) prenderam o entregador Douglas Gomes Sobral da Silva, que teria sido ridicularizado e humilhado pelos PMs durante o protesto.
De acordo com o advogado Rafael Nunes, dos policiais que prestam depoimento nesta quarta-feira (16), três seguem na ativa e um se afastou devido a problemas psicológicos após a ação no protesto. Ainda segundo o defensor, eles não fazem parte do grupo de 16 agentes de segurança afastados devido à truculência da PM.
Investigações e policiais afastados
Nove investigações foram abertas na Corregedoria da Secretaria de Defesa Social (SDS) para apurar a conduta violenta da PM durante o protesto pacífico no Recife. Entre os problemas investigados na ação truculenta da corporação, estão desvio de conduta, uso irregular de balas de borracha e legalidade de atuação da PM.







