O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, se irritou com uma pergunta sobre a compra da vacina indiana Covaxin e encerrou uma entrevista na manhã desta quarta-feira (23). O ministro é investigado pela CPI da Covid, e ao ser questionado sobre o contrato do Ministério da Saúde para a aquisição dos imunizantes, ele repetiu a postura habitual do presidente Jair Bolsonaro, respondeu de forma grosseira e abandonou a entrevista.
O Ministério Público Federal encontrou indícios de crime na compra de 20 milhões de doses da Covaxin pelo Ministério da Saúde. A vacina indiana foi a única adquirida pelo governo federal realizada com intermediário privado e sem vínculo com a indústria de vacinas. O preço das doses foi bem acima em comparação com outras. De acordo com O Globo, o governo aceitou pagar R$ 80,7 por dose da Covaxin, enquanto a dose da vacina fornecida pela Oxford-AstraZeneca custa, em média, R$ 19,87.
Ao ser indagado sobre essa diferença nos valores, Queiroga se irritou:
“Todas as vacinas que têm registro definitivo da Anvisa ou emergencial o ministério considera para aquisições. Então, esperamos esse tipo de posicionamento para tomar uma posição acerca, não só dessa vacina, mas de qualquer outra vacina que obtenha registro emergencial ou definitivo da Anvisa. Porque nós já temos, hoje, um número de doses de vacina contratadas acima de 630 milhões e o governo federal tem feito a campanha de vacinação acelerar”, declarou.
“Os senhores vão comprar a Covaxin com esse preço que está sendo questionado?”, perguntou um jornalista.
“Eu falei em que idioma? Eu falei em português. Então não foi comprada uma dose sequer da vacina Covaxin, nem da Sputnik”, respondeu Queiroga.
Alguns jornalistas que estavam presentes explicaram que a pergunta se referia a pagamentos futuros, no âmbito dos contratos já firmados. “Futuro é futuro”, afirmou o ministro antes de seguir o exemplo de Bolsonaro e encerrar a entrevista sem responder mais perguntas.







