Por Ricardo Antunes — O recuo do presidente Jair Bolsonaro, em nota publicada nessa quinta-feira (09), desagradou apoiadores do presidente, que se disseram decepcionados e traídos. O PTB, partido comandado por Roberto Jefferson, criticou a nota e disse que o líder, preso, “não se rende, não recua, e não teme” o STF. O blogueiro, Allan dos Santos, foi mais direto: “Não votei no Temer“, disse em referencia a ajuda do ex-presidente na criação do comunicado. Na live da noite desta quinta-feira, Bolsonaro reconheceu que a declaração contrariou aliados, mas afirmou não ver “nada demais” no texto.
Bolsonaro acredita que vai recuperar a confiança de seus apoiadores em dois ou três dias: “Dá dois ou três dias para a gente. Dá um tempo”, diz ele, apresentando dados positivos nos indicadores financeiros como a queda do dólar, após divulgação do comunicado.
“Você quer gasolina mais barata, não quer? Gás. É tudo indexado. Às 3 horas (15h) publicamos a nota e a bolsa subiu 2%, 2.800 pontos e o dólar caiu 2%. Espero que continue caindo amanhã. Queriam que eu respondesse ao Fux, que fez um duro discurso. O Lira fez, o Aras fez e alguns do meu lado vieram com discurso pronto, dizendo ‘você tem que reagir, tem que bater amanhã”, disse Bolsonaro, que reafirmou ser necessário dar um tempo, deixar acalmar um pouco.
Os próximos passos do presidente precisarão ser muito planejados. Se voltar a atacar os Poderes para agradar apoiadores, vai desencadear represarias, como paralização de programas, como o novo Bolsa Família. Se selar a paz com quem sempre criticou, pode desmobilizar seus apoiadores.
PÉ ATRÁS
A carta de recuo de Jair Bolsonaro após seus discursos no 7 de Setembro foi recebida com cautela por ministros do STF, relata Bela Megale em O Globo. Bolsonaro já amenizou várias vezes seu discurso contra o Supremo para depois voltar a atacar.

BANDEIRA BRANCA
Principais alvos das ameaças do presidente, os ministros da corte esperam mais gestos para ver se a “bandeira branca” se manterá hasteada. Só então pretendem abrir concretamente o diálogo.
ESTADISTA?
Auxiliares próximos a Jair Bolsonaro dizem que o presidente da República tentará vender, a partir de agora, que o recuo nos ataques ao STF foi uma atitude “altruísta” para evitar um caos social em todo o país.
FREIO DE MÃO
A mudança de discurso veio após do encontro de Bolsonaro com o ex-presidente Michel Temer (MDB). Após os discursos de 7 de Setembro, lideranças do MDB começaram a defender que o partido se posicionasse a favor do impeachment do presidente da República. Temer, então, “puxou o freio de mão” e disse que o partido tinha “que ser parte da solução, não do problema”.
SACRIFÍCIO
A oposição não concorda e prepara atos pedindo o impedimento do presidente. Hoje, Ciro Gomes (PDT) confirmou presença na manifestação do 12 de Setembro na Avenida Paulista. Pelo Twitter, o pré-candidato à Presidência afirmou: “Seja qual for o sacrifício e risco que isso represente, há algo maior que tudo: o futuro do Brasil e da nossa democracia“.

IMPACIÊNCIA
Irritada com paralisia do partido, militância petista teme avanço da terceira via. O diretório nacional petista foi convocado para o sábado enquanto a base do partido, já ressentida pela não disputa das ruas ainda no 7 de Setembro, quer um chamamento imediato a manifestações.
RACHA
Organizada pelo MBL, a manifestação não dividiu apenas a oposição. Um dos fundadores do movimento que atuou pela queda de Dilma Rousseff. “Primeiro era ‘Nem Lula, Nem Bolsonaro’. Agora virou só ‘Fora Bolsonaro’. Pra quem defende 3ª via, o dia 12 já está mais para ‘Volta, Lula’, diz o deputado Marcel van Hattem (Novo).
CÓDIGO ELEITORAL
A Câmara dos Deputados aprovou há pouco destaque do PSL que retira do novo Código Eleitoral o dispositivo que previa uma quarentena eleitoral para juízes e procuradores.

POLÊMICO
Esse era um dos trechos mais polêmicos da proposta relatada por Margarete Coelho. De acordo com texto-base, a regra passaria a valer apenas a partir das eleições de 2026, o que não agradou — o objetivo era mesmo impedir a candidatura de Sergio Moro.
AUXÍLIO
Os deputados estaduais de Pernambuco aprovaram por unanimidade, nesta quinta-feira (9), um projeto de lei que garante uma pensão para filhos de pessoas que morreram por causa de Covid-19.
APROVAÇÃO
A Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) se reuniu de forma virtual e acatou a proposição do governo, em primeira e segunda votações. O benefício segue para sanção do governador Paulo Câmara (PSB).
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