Por Ricardo Antunes — Portas são carregadas de simbolismo. Abrem-se e fecham-se; acolhem e repelem; compartilham e isolam; convidam e rejeitam. Que dizer da porta por onde tantas vezes passei no início da profissão de jornalista? A porta principal do prédio onde por anos e anos viveu o Diario de Pernambuco me traz muitas lembranças. É mais do que simples passagem física: é ponte entre a rua e a redação; o que vi/ouvi e o que escreveria; a rotina do Recife e a pulsação das rotativas; o contato com personagens das matérias, às vezes desconhecidos, e o aconchego dos rostos familiares dos colegas.
Só de olhar a fotografia de Marcus Prado, bateu saudade, bateu indignação. Lixo, abandono, descaso não combinam com a história do Diario e desrespeitam o pernambucano. O prédio é hoje do Estado de Pernambuco mas a memória e o patrimônio de uma cidade são de todo mundo.

E não venham me dizer que faltam recursos financeiros para ser instalado lá o Arquivo Público Estadual. Pode até não ser prioridade para os dias atuais, é compreensível.
Nada, porém, justifica o absurdo desleixo.
O prédio do Diario é de Pernambuco. A história é de todos!







