Por Ricardo Antunes — O generalato brasileiro está empenhado em apoiar um nome, ou mesmo lançar um candidato para “romper a polarização” entre o ex-presidente Lula (PT) e o atual chefe do Executivo, Jair Bolsonaro em 2022. A informação de Marcelo Godoy, do Estadão, tem certo fundamento, já que parte dos militares tem feito declarações nesse sentido, caso dos generais Carlos Alberto Santos Cruz e Francisco Mamede de Brito Filho. Mas a verdade, é que esse não se sustenta na realidade.
O nome “terceira-via” surgiu nos anos 80 no governo trabalhista da Austrália, e se popularizou com políticos do espectro progressista, que tentavam conciliar uma ideologia social-democrata, com um Estado presente, que se preocupa em combater a miséria, e garantir educação, saúde e previdência públicas de qualidade, sem aderir a um estatismo completo nos moldes soviéticos, nem uma desregulamentação completa do mercado, como sonhavam os ultra-liberais.
Se por um lado, os dois Governos da Era Lula se pareceram muito com essa ideia de liberalismo social, o mesmo não se pode dizer de integrantes das Forças Armadas, que em sua maioria possuem uma ideologia conservadora e aderiram em peso ao governo de direita de Jair Bolsonaro, e a agenda ultra-liberal, do ministro Paulo Guedes. Hoje, militares ocupam 18,3% dos 14,6 mil cargos comissionados no governo. A participação geral de integrantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica no governo do ex-capitão chegou a quase 6 mil. O número de militares em estatais foi multiplicado por 10 e o número de ministros militares ultrapassa os do Regime Militar.
Com a queda de popularidade de Bolsonaro, o Exército agora quer se dissociar do governo e do desastre da gestão da pandemia, mas a verdade é que participou ativamente dele. Quadros como o General Alberto Santos Cruz, ainda romperam relativamente rápido com o bolsonarismo e podem se apresentar como uma “outra via” nas eleições. Mas uma outra via, nacionalista, conservadora, antipetista… Pragmática? Vá lá… Mas chamar de “terceira-via”, preservando o significado original da expressão, não faz o menor sentido.
LIVRO
Falando em terceira via, o ex-juiz Sergio Moro já sabe qual será seu primeiro compromisso como pré-candidato à Presidência pelo Podemos. Ele vai realizar uma turnê em “grande estilo” para lançar seu novo livro.

OBRA
Em “Contra o sistema de corrupção”, o ex-juiz narra histórias inéditas da Lava-Jato e tenta explicar por que aceitou ser ministro de Bolsonaro. Ele também fala sobre sua saída do governo e dos recentes recuos institucionais no combate à corrupção.
RECORDAR É VIVER
Quem também “se arvora” a ser o candidato da terceira-via é o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que chegou a imprimir camisetas com o famoso “BolsoDoria” em 2018.
ESTRATÉGIA
Convertido a oposicionista, o tucano ainda conserva alguns ensinamentos do seu ex-aliado. Ele tem trabalhado ativamente para fugir dos debates, nas prévias do PSDB. Ele enfrenta o governador gaúcho Eduardo Leite, e o ex-prefeito de Manaus, Arthur Virgílio.
CONVERSA
Primeiro foi o governador Paulo Câmara (PSB) que foi ao encontro de Lula (PT) em Brasília há duas semanas atrás. Hoje, foi a vez do prefeito João Campos (PSB) ter uma conversa reservada com o ex-presidente que já está em campanha para 2022.

FRENTE AMPLA
O prefeito do Recife defendeu a formação de uma frente ampla para derrotar Bolsonaro no próximo ano. A questão local também entrou na pauta. O PSB deseja que Paulo Câmara saia para o senado, mas se recusa a dar a cabeça de chapa ao PT, que seria encabeçada pelo senador Humberto Costa.
INESPERADO
Filho do ex-deputado federal e ex-vereador do Recife, na década de 70, Valério Rodrigues, o consultor político Valério Rodrigues Jr. teve um infarto fulminante, com apenas 54 anos. Alegre, brincalhão e sempre disposto a ajudar as pessoas, ele era irmão do também ex-deputado federal Bruno Rodrigues.
COMEMORANDO
O ministro do Turismo, Gilson Machado Neto, comemora os números do Ministério do Trabalho. Em agosto Dos 372,000 novos empregos com carteira assinada,180.000 foram do setor de serviços,em sua maioria ligadas ao turismo segundo dados do ministério do trabalho

CAMPANHA
Isso sem contar com o aquecimento da economia informal. “É preciso acreditar no potencial desse setor”, afirmou ele que essa semana comandou um encontro com ministros do Turismo do Mercosul, no Recife. Argentina, Uruguai, Paraguai e Brasil, lançam uma campanha em Dubai, no próximo mês, para estimular turistas a visitarem os 4 países.
ESPIONAGEM
Clarice Lispector foi alvo de dois dossiês policiais, revela a nova biografia da escritora, “À procura da própria coisa”, que será lançada pela Rocco em novembro.
MOTIVO
A primeira ficha policial de Clarice é de 1950. Pelo fato da escritora ser da Ucrânia, pesava sobre ela a suspeição de vínculos com ideais comunistas — algo inteiramente sem propósito. O segundo documento descreve participações de Clarice Lispector em passeatas contra a censura e declarações à imprensa de apoio aos estudantes a partir dos anos 1970.
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