Com informações de O Globo
O ex-presidente da Braskem José Carlos Grubisich foi preso nesta quarta-feira em Nova York , sob acusação de ter participado de um esquema de corrupção que pagou milhões de dólares em propina a autoridades em troca de contratos, informa a agência Reuters.
O executivo que esteve à frente da petroquímica até 2008 é acusado de conspiração para violação de leis americanas de corrupção estrangeira e para lavagem de dinheiro.
Grubisich foi preso na manhã desta quarta-feira no Aeroporto Internacional John F. Kennedy, em Nova York, e deve ser conduzido a uma corte federal no Brooklyn ainda nesta quarta-feira, informou John Marzulli, porta-voz do escritório do promotor Richard Donoghue. Os advogados do executivo ainda não foram localizados para comentar o caso.
No processo, a promotoria afirma que Grubisich e outros funcionários da Braskem e da Odebrecht participaram de uma conspiração para desviar cerca de US$ 250 milhões para um fundo secreto, que foi utilizado para corromper autoridades. O esquema funcionou entre 2002 e 2014, de acordo com o processo.
Como presidente da Braskem, Grubisich teria ajudado a acobertar o esquema, falsificando livros da companhia e assinando certificações falsas para a Comissão de Títulos e Câmbio dos EUA (U.S. Securities and Exchange Commission). No processo apresentado à corte federal, os promotores pedem que o executivo não seja liberado por fiança, pelo risco de fuga do país.
“O esquema de propinas e lavagem de dinheiro da Braskem era parte de uma conspiração maior, na qual Odebrecht e suas companhias pagaram aproximadamente US$ 788 milhões em propinas para autoridades do governo e partidos políticos no Brasil e em outros países para obter e reter negócios”, disseram os promotores americanos, em documento entregue a uma corte federal no Brooklyn, segundo o “WSJ”.
Em nota, a Braskem afirma que “tem colaborado e fornecido informações às autoridades competentes como parte do acordo global assinado em dezembro de 2016, que engloba todos os temas relacionados à Operação Lava Jato”. Em nota, o advogado do executivo, Alberto Zacharias Toron, disse que a prisão de Grubisich “causa estranheza, já que ele não responde no Brasil pelos fatos que lhe são imputados pela corte americana”.
Grubisich esteve à frente da Braskem entre 2002 e 2008, além de ter ocupado diversos cargos na Odebrecht, incluindo a presidência da ETH Bioenergia. Deixou o grupo em 2012 para assumir a Eldorado, negócio de papel e celulose da holding J&F, onde ficou até 2017, deixando o cargo após acordo de venda da companhia para a Paper Excellence.
A Braskem é uma petroquímica brasileira controlada pela Odebrecht, com participação da Petrobras. Em 2016, a Braskem e a Odebrecht fecharam acordo com o Departamento de Justiça dos EUA, concordando em pagar US$ 3,5 bilhões — US$ 2,6 bilhões da Odebrecht e US$ 957 milhões da Braskem — para encerrar investigação sobre pagamento de propinas em troca de contratos.
Tanto a Braskem quanto a Odebrecht se declararam culpadas de acusações criminais como parte do acordo, num desdobramento da operação Lava Jato.