
Por Miriam Leitão
As investigações são absolutamente necessárias. O que atrapalha a economia é ter havido corrupção. As apurações vão garantir mais segurança e transparência nos negócios entre os setores público e privado. As descobertas provocam efeitos na economia, mas a causa do problema é o fato de ter havido corrupção de maneira tão recorrente que começou a fazer parte da paisagem. O desafio que o país tem no momento, na política e na economia, é conseguir uma economia mais transparente, com custos menores das obras públicas. Tudo isso está diante de nós. A culpa da crise não é da investigação. O país tem que atravessar esse período para mudar no futuro.
Em carta, o presidente Michel Temer reclamou que a divulgação parcial das colaborações, antes de elas serem homologadas, atrapalha a economia, cria turbulências. Ele pediu ao procurador-geral celeridade nas investigações da Lava-Jato. Na realidade, é muito difícil impedir que as informações cheguem ao público. No caso da Odebrecht, são cerca de 100 procuradores trabalhando com as informações de 77 colaboradores, alguns com mais de um advogado. Para a Procuradoria-Geral da República, quanto mais guardado for o segredo, melhor. Mas para os advogados essa regra nem sempre vale.
A corrupção leva a decisões irracionais. O aumento do endividamento da Petrobras, por exemplo, em grande parte se deve a projetos abandonados ou superfaturados. A dívida cresceu sem gerar riqueza para a companhia nem para o país. A tomada de decisões fica contaminada.
Além da economia, a política também é afetada. A corrupção erode a confiança da população em seus representantes. Mas esse momento de crise abre perspectivas para o país. Apurar os desvios e punir os responsáveis pode abrir novos caminhos para a política e para a economia.
O Brasil tem uma agenda complexa, com mais de uma prioridade. A recuperação da economia e o enfrentamento da corrupção tornarão o Brasil um país melhor.
POR MÍRIAM LEITÃO
O Globo







