Por Ricardo Antunes – O presidente eleito Lula (PT) aposta alto num time de alto poderio político para compor seu ministério a partir de janeiro. O petista tem montado praticamente uma Esplanada de Ex-governadores, com políticos testados de forma majoritária nas urnas. Isso dará respaldo e força para o futuro governo, em meio às tensões com o Congresso pela tramitação da PEC da Transição e o fim do orçamento secreto.
Lula confirmou o ex-governador do Ceará, Camilo Santana, como ministro da Educação. Ele se somará aos também ex-gestores estaduais Flávio Dino (Maranhão, confirmado na Justiça e Segurança Pública) e Rui Costa (Bahia, futuro ministro-chefe da Casa Civil). Outros dois nomes do PSB devem se somar ao time de Lula em breve: Paulo Câmara, que termina seu segundo mandato em Pernambuco, e Márcio França, ex-governador de São Paulo. Sem contar Fernando Haddad, ex-prefeito de São Paulo e futuro titular da Fazenda.
Lula distribuirá o poder em 37 ministérios, e deve convocar força máxima, sobretudo em pastas chaves. Além dos ex-governadores, ele já escalou o embaixador Mauro Vieira para Relações Exteriores e o habilidoso pernambucano José Múcio Monteiro, ex-ministro do Tribunal de Contas da União, para a Defesa.
Com a experiência de quem governou o País por oito anos, Lula sabe que os tempos são bem mais difíceis do que aqueles que enfrentou vinte anos atrás. Por isso, é importante ter aliados de peso para esses postos, sobretudo em eventuais crises e denúncias que costumam surgir, e que partem geralmente de fogo amigo na própria base. Algumas peças que subirão o Planalto com Lula certamente não estarão lá daqui a quatro anos, por isso a experiência política de quem chefiou governos estaduais e municipais de relevância será muito útil. Agora é aguardar os resultados a partir de 2023.
ALIANÇA
O PT, partido do presidente eleito Lula, se uniu ao partido do presidente Jair Bolsonaro (PL), para pedir a cassação do senador Sérgio Moro. A articulação solicita a cassação do mandato do ex-juiz e a quebra de seu sigilo fiscal e bancário por gastos realizados durante a pré-campanha deste ano.

CHORO
Sergio Moro classificou as acusações como “especulações fantasiosas”. “A ação do PT é mero choro de perdedor e reflete o medo do partido de enfrentar uma oposição inteligente e democrática no Senado. Nada tememos, pois especulações fantasiosas não afetam a regularidade de nossas ações”, diz Moro, em nota.
LICENÇA
Depois de anos ameaçando não renovar a concessão de emissoras críticas ao seu governo, Jair Bolsonaro assinou hoje a renovação da Globo, além da Record e da Band por mais 15 anos. A portaria será publicada no Diário Oficial de amanhã.
ANTECIPAÇÃO
Na semana passada, o presidente já havia renovado a concessão do SBT. A partir daí, o texto segue para o Congresso, onde também precisa ser aprovado.
PREFERÊNCIA
A educadora e escritora Anielle Franco desponta como o nome mais cotado para o o comando do Ministério de Igualdade Racial. Irmã da ex-vereadora do Rio Marielle Franco, assassinada em 2019, Anielle fez parte da equipe do governo de transição de Lula no grupo temático que tratou de políticas para mulheres.

PERSISTÊNCIA
Anielle ganhou fôlego para Igualdade Racial depois de uma articulação de Janja para nomear uma pessoa próxima a ela para a pasta das Mulheres. A futura primeira-dama defende que o posto seja ocupado por Maria Helena Guarezi, sua colega na Itaipu.
HOMENAGEM
O Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) aprovou por unanimidade, nesta segunda-feira (19), a denominação da sala dos Oficiais de Justiça do Fórum Rodolfo Aureliano, no Recife, com o nome “Sala dos Oficiais de Justiça Jorge Eduardo Lopes Borges”.
HOMENAGEM II
Jorge Eduardo Lopes Borges tinha 42 anos quando foi baleado no bairro da Tamarineira, no dia 4 de setembro. Três dias após o crime, os médicos decretaram a morte cerebral de Jorge Eduardo. Ele deixou uma esposa e dois filhos. A ex-companheira de Jorge é a suspeita de envolvimento com o crime.

APARANDO RUSGAS
A solenidade de entrega da segunda etapa das obras do Hospital Eduardo Campos, em Serra Talhada, marcou um momento de aproximação entre o governador Paulo Câmara (PSB) e a família Campos. O socialista tem se queixado a aliados de estar sendo abandonado pelo partido, e um dos articuladores é justamente o prefeito João Campos, que não esteve presente. A viúva de Eduardo, Renata Campos, e os filhos Pedro – deputado federal eleito – e José se fizeram presentes, o que ajuda a diminuir a tensão.
FOGO AMIGO
A governadora eleita Raquel Lyra (PSDB) tem sofrido com o fogo amigo que vem repercutindo em sua base. Aliados agoniados com a falta de informações sobre o futuro secretariado têm vazado supostas crises. Inicialmente os rumores envolviam a vice Priscila Krause, e agora se voltaram para o deputado federal Daniel Coelho, que não compareceu à diplomação da chapa majoritária.
AGONIA
A tucana tem sido obrigada a desmentir mas tudo deriva do ritmo próprio da montagem do futuro governo, que ainda não tem um secretário confirmado, a despeito do presidente Lula, que já anunciou diversos ministros. Sem pressa, a agonia dos candidatos deve continuar.
TRAGÉDIA
O suicídio de policiais no Brasil cresceu 55% entre 2020 e 2021, passando de 65 mortes para 101. A Polícia Militar foi a que mais registrou suicídios no período, passando de 52 para 80, um aumento percentual de 54%. Já na Polícia Civil o aumento percentual foi mais expressivo, de 61,5%, passando de 13 para 21 mortos.
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