EXCLUSIVO, Por Ricardo Antunes — O padre que está sendo investigado pela polícia pernambucana por envolvimento em um suposto crime sexual vai ficar em silêncio “voluntário”. Pois é. Airton Freire, de 66 anos, criador da Fundação Terra, em Arcoverde, no Sertão, disse nas redes sociais que vai adotar “um silêncio cautelar”, usando a mesma expressão da Diocese de Pesqueira, o Agreste, quando determinou o afastamento dele.
O padre é antigo conhecido dos católicos nordestinos. A fundação é uma das “queridinhas” dos devotos abastados, que doam dinheiro para os projetos de assistência e caridade liderados pelo religioso. O padre comandou programas em rádios, escreveu livros e fez sermões que enchiam de esperança seus seguidores.
Tudo começou a mudar quando uma mulher procurou as autoridades e disse que o padre Airton estava presente em sua residência, chamada de “casinha”, quando ela teria sido estuprada por um assessor dele, em agosto do ano passado.
Segundo a denunciante, a personal stylist Sílvia Tavares, Freire teria pedido ao seu motorista, Jailson Leonardo da Silva, de 36 anos, para que a estuprasse enquanto ele assistia à cena e se masturbava. Antes de adotar o silêncio, o padre disse, nas redes sociais, que se sentia “injustiçado”. O religioso negou tudo. Esta semana, ele foi afastado das funções pelo bispo de Pesqueira, bispo Dom José Luiz Ferreira Salles, e está proibido, cautelarmente, de atuar em cerimônias.
Em seu perfil no Instagram, Airton Freire escreveu, na madrugada desta sexta (2): “não te preocupes, estarei aqui, nesse meu retiro, na casa onde moro. Que Deus nos abençoe. De teu servo, in Cristo, Padre Airton”.

Investigação
Ao contrário do padre, a polícia vem falando bastante sobre o caso. Disse que ouviu 22 pessoas no inquérito. Também garantiu que está com a apuração “adiantada”. A delegada Morgana Alves afirmou que a investigação aponta para um caso de atentado contra a dignidade sexual. Ela não descartou a possibilidade de existirem outras vítimas do religioso.
Fundação
Diante da tempestade, a Fundação Terra soltou uma nota e afirmou que Freire “lamenta e se sente injustiçado por denúncias de atos ilícitos que jamais cometeu, movidas por interesses que ainda não estão claros”.
O texto diz, ainda, que padre Airton “tem confiança de que as investigações realizadas restabelecerão a verdade dos fatos e provarão que crime algum foi cometido”. Por fim, a Fundação Terra disse que os ” irmãos e irmãs” devem se manter tranquilos, porque as obras sociais da Terra serão mantidas”.