Por Heitor Olímpio
É de se pensar que ela já foi um lugar, no qual adorava ir. Ali, no coração da boemia, era o encontro de todas as tribos. As pessoas iam para se divertir, beber uma cerveja barata no depósito, dançar e, no final da noite, alguns loucos ou guerreiros se arriscavam na tradicional tequila de procedência duvidosa.
Para aqueles que não sabem, por nunca terem ido na Lapa, a tradicional tequila é vendida por ambulantes que, muitas vezes simpáticos, te oferecem um líquido que eles juram ser tequila, mas que, fiquem de olho, pode ser qualquer coisa menos tequila.
Lapa, é estranho pensar, também, em lhe dizer adeus. Vivemos bons momentos juntos, não é verdade? A voz fica até embargada neste momento, mas é preciso ser forte.
Lapa, minha querida! Adeus!
Eles estão acabando com as linhas de ônibus da cidade e chamando isto de progresso. Foram extintas 16 linhas, que somadas afetam passageiros da Zona Sul, da Norte e da Oeste. A culpa não é sua, muito menos minha. Olha como estão as coisas, o Rio está mudando.
Não chore! Eu sei que vai ser difícil, mas, entenda, é em prol do progresso. O Rio está mudando tanto, que nem com o Bilhete Único eu consigo te visitar. O tempo de espera aumentou e eu não sei o que fazer.
A Secretaria de Transporte disse que iria avisar sobre as mudanças, mas os ônibus que sobraram foram para não sei onde! Você sabe?!
Assim fica difícil transitar pela cidade. Acho que os governantes estão pensando que todos são como os moradores do Leblon, que não querem sair de lá. Li, recentemente, que o carioca perde mais tempo por ano com o transporte público do que, por exemplo, aproveitando as férias e que as mudanças só estão acontecendo agora, depois de 20 anos sem se repensar em mobilidade urbana na cidade maravilhosa.
Por isso, minha Lapa! Tente ser forte, você vai superar, já fez isso antes. Por que não agora?