Duas informações reforçam a suspeita de que o ex-capitão do Bope Adriano da Nóbrega, líder da milícia no Rio de Janeiro, levou segredos para o túmulo.
Reportagem do Fantástico dá conta de que o Adriano destruía celulares depois da cada ligação, que ele fazia sempre com a utilização de rede de wi-fi.
Esses aparelhos poderiam reconstituir a rede de contatos que ele mantinha.
A outra informação relevante foi divulgada hoje pela Folha de S. Paulo.

A defesa de Adriano tentou se beneficiar de um medida que Jair Bolsonaro sancionou no pacote anticrime, apesar do parecer contrário do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro.
“Um dos trechos do pacote anticrime que Jair Bolsonaro sancionou mesmo após recomendação contrária de Sergio Moro (Justiça) foi citado pela defesa do ex-PM Adriano da Nóbrega para tentar derrubar o mandado de prisão preventiva que havia contra ele”, diz nota publicada na coluna Painel.
“A peça dos advogados, enviada no último dia 30 à Justiça do Rio, diz que a manutenção da ordem chocava-se contra ‘importantíssima alteração legislativa resultante do pacote anticrime’ que dificultou a decretação de prisões preventivas”, acrescenta.
Foi a alteração no artigo 315 do Código de Processo Penal, que determina que os mandados de prisão tenham indicação “concreta da existência de fatos novos ou contemporâneos”, além da fundamentação específica.
Os advogados argumentaram que, no mandado de prisão contra Adriano, não havia especificação de fatos concretos relacionados a ele.

Seriam informações genéricas que poderiam constar de qualquer pedido de prisão.
Como se sabe, a oposição de Moro à sanção do pacote anticrime sem vetos específicos teria sido um dos motivos da última crise entre Moro e Bolsonaro, quando este anunciou que estudava a separação entre Segurança Pública e Justiça.
A separação das pastas, aliás, foi proposta pelo secretário de Segurança Pública da Bahia, Maurício Barbosa.

A relação de Bolsonaro com a milícia é evidente. Tanto no passado quanto no período mais recente.
Até estourar o escândalo das rachadinhas, a ex-mulher e a mãe de Adriano trabalhavam no gabinete do então deputado estadual Flávio Bolsonaro.
Ele e o pai vieram a público no último sábado para enaltecer o que seriam virtudes de Adriano da Nóbrega em 2005, quando ele foi homenageado por Flávio Bolsonaro.