“A PM agiu de forma brilhante e necessária”. A afirmação foi feita, nesta terça (8), pelo advogado Rafael Nunes, que defende os policiais militares envolvidos na agressão à vereadora Liana Cirne (PT), atingida por um jato de spray de pimenta no rosto, e na omissão de socorro a um ferido, durante a ação truculenta em um protesto pacífico contra Bolsonaro (sem partido), no Centro do Recife, em 29 de maio.
Os quatro policiais que estavam na viatura no dia da manifestação, um sargento e três soldados, estiveram na Delegacia do Bairro do Recife nesta terça para prestar depoimentos.
A ação violenta da PM durante a manifestação provocou perda parcial de visão em dois homens e gerou reação da sociedade civil. Também levou o governo a trocar o comando-geral da Polícia Militar e o secretário de Defesa Social.
Vídeos gravados no 29 de maio mostram PMs atirando bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha em pessoas que estavam nas ruas . Até agora, 16 militares foram afastados pelo governo.
A vereadora também esteve na delegacia, nesta terça. Ela depôs e apontou erros nas informações divulgadas pelo atual secretário de Defesa Social, Humberto Freire, sobre como teria ocorrido a repressão policial.
O advogado Rafael Nunes afirmou que os policiais “usaram a força necessária” para coibir o que ele chamou de “postura lamentável da vereadora Liana, que estava o tempo todo querendo se promover politicamente”

Imagens do dia 29 de maio mostram a vereadora ao lado de uma viatura da Radioptarulha, sobre a Ponte Princesa Isabel, perto da sede do governo estadual.
Ela fala com um dos militares que estava no veículo da polícia e leva um jato de spray de pimenta no rosto, caindo no chão.
O defensor dos policiais disse, ainda, que a vereadora se colocou em risco. “Uma mulher que sai de casa com um salto de 15 centímetros, com roupa de gala para uma manifestação e com fotógrafo particular, ela saiu para querer aparecer”, declarou.
No depoimento desta terça, a vereadora afirmou que não estava participando da manifestação. Ela foi até o local onde acabou sendo agredida para prestar apoio jurídico a vítimas, usando a prerrogativa de parlamentar.
O defensor dos policiais militares disse que a equipe prendeu um homem em flagrante e ele teria que pagar R$ 1 mil para ser colocado em liberdade.
“Ela queria, naquele momento, que os policiais liberassem ele. O tempo todo se jogando em frente à viatura, puxando pelos braços os policiais. A Polícia Militar tentou dialogar e não teve acordo”, afirmou Nunes.
Para o advogado, Liana Cirne “queria aparecer com anarquia”. “Na realidade, ela é atriz”, declarou.
Por fim, o advogado fez um a declaração que vai de encontro a todas as imagens registradas na ação. “Não teve excesso nenhum, não teve tiro de bala de borracha, não teve cacete, não teve agressão física”.
Omissão de socorro
Os vídeos registrados após a manifestação também mostraram que o adesivador de táxis Daniel Campelo, de 51 anos, uma das vítimas de bala de borracha no rosto, teve o pedido de socorro negado pelos mesmos policiais.
Ferido no olho, o trabalhador, que perdeu o globo ocular, aparece sangrando, quando uma viatura para e não presta assistência.
Mesmo diante desses fatos registrados, o defensor do PMs afirmou que “em nenhum momento houve omissão de socorro”. Ele justificou a frase, dizendo que “naquele momento a preocupação da Radiopatrulha era zelar pela segurança da operação”.
De acordo com o defensor, havia um preso dentro de viatura, que estava sendo conduzido para a delegacia. “A Polícia Militar parou naquele momento para desobstruir vândalos que estavam na frente da viatura para poder passar”.
Sobre os depoimentos desta terça, Nunes afirmou que os PM “estão esclarecendo os fatos”.
“Na realidade, quando eles foram convocados, a gente achava que era para falar sobre os crimes praticados pela vereadora, que cometeu desacato contra os policiais naquele momento, feriu a honra da Polícia Militar”, afirmou.
O G1 entrou em contato com a vereadora Liana Cirne, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.







