Com informações da Assessoria de Imprensa — Em quarentena desde março, Alceu Valença aproveitou o período de incerteza para tocar violão como nunca em sua casa no Rio. Acostumado a passar mais tempo na estrada do que em casa, de um momento para outro o artista andarilho viu-se obrigado a recriar seu cotidiano sem tempo de pensar no amanhã. O violão acabou sendo sua melhor companhia. Os dias passavam lentamente e Alceu aproveitava para apurar a técnica: buscou novas maneiras de interpretar seus sucessos, reinventou tesouros escondidos de seu repertório, descortinou músicas inéditas, trafegou do frevo ao samba, do xote blues ao frevo-de-bloco.
Meses depois, entrou no Estúdio Tambor (RJ) munido do violão e de múltiplas ideias. O que a princípio seria um álbum simples acabou por tornar-se uma série de lançamentos digitais. Foram cerca de 30 músicas, gravadas entre novembro e janeiro, com produção de Rafael Ramos.
Primeiro dos três álbuns previstos para este ano, “Sem Pensar no Amanhã” foi lançado nas plataformas digitais no dia 12 de março, aniversário de Olinda e Recife, duas das matrizes sonoras do compositor. O processo de criação dos três álbuns na quarentena, sua trajetória e obra artística, que envolve ainda poesia e cinema, serão os temas do próximo Sonora Coletiva.
O bate-papo com Alceu Valença acontecerá na quinta-feira (dia 15), às 19h, e será transmitido pelo Canal multiHlab, no YouTube, como parte das atividades do Sonora Coletiva.

Participarão dessa conversa os pesquisadores Allan Monteiro, Cristiano Borba e Túlio Velho Barreto, que vêm desenvolvendo atividades no âmbito do Núcleo de Imagem, Memória e História Oral (NIMHO), do Centro de Documentação e de Estudos da História Brasileira (Cehibra), coordenado por pesquisadores da Fundaj, entre eles Sylvia Couceiro e Cristiano Borba, registrando depoimentos de personagens que fizeram trabalharam com música em Pernambuco entre 1970 e 2000.
Para o pesquisador Túlio Velho Barreto, “a participação de Alceu Valença no Sonora Coletiva nos dará a oportunidade de conversar também sobre sua marcante trajetória nessa cena musical da década de 1970, quando ele concebeu quatro álbuns seminais, inclusive o ‘Saudade de Pernambuco’, gravado na França e só lançado no Brasil muitos anos depois. E, claro, sobre sua bem sucedida carreira desde então, quando se tornou um dos artistas mais populares do Brasil”.
Nascido em São Bento do Una, agreste de Pernambuco, em 1946, Alceu Valença cresceu em convívio direto com os elementos vivos que ajudaram a consolidar a cultura nordestina contemporânea. Pelo canto dos aboiadores, emboladores, violeiros e cantadores de feira; pelas toadas, baiões, xotes e rojões, cantigas de cego e tocadores de sanfona de oito baixos; pelos poetas de cordel, versejadores populares e artistas de circo, entre outras manifestações que conhecera desde o berço, Alceu assimilou a cultura e a música do agreste e do sertão a partir das raízes que a constituíram.
Aos 40 anos de carreira (a partir do primeiro LP solo, “Molhado de Suor”, de 1974), com mais de 35 discos lançados, Alceu Valença continua a se reinventar. Em 2014, lançou seu primeiro filme longa-metragem como diretor, “A Luneta do Tempo” – com forte temática nordestina, do cordel ao cangaço, do forró ao circo – onde atuou também como roteirista, montador e ator, além de escrever todos os diálogos e canções. O filme representou um retorno ao cinema, iniciado ainda no ano de 1974, quando participou como ator e intérprete da trilha sonora de “A Noite do Espantalho”, dirigido pelo músico e compositor Sérgio Ricardo. E, em 2015, Alceu Valença lançou o livro de poemas e letras “O Poeta da Madrugada”, pela editora Chiado.
Sonora Coletiva conversa com Alceu Valença
Participantes: Allan Monteiro, Cristiano Borba e Túlio Velho Barreto
Data: 15 de abril de 2021 (quinta-feira)
Horário: 19h
Transmissão: Canal multiHlab | Sonora Coletiva