Do G1 – Padre Egídio, ex-diretor do Hospital Padre Zé, que foi preso nesta sexta-feira (17) suspeito de desvio de verba contra a instituição na ordem de até R$ 140 milhões, passou por audiência de custódia e teve a prisão preventiva mantida pela Justiça, pelo juiz plantonista André Ricardo de Carvalho Costa, e foi encaminhado para a Penitenciária Especial do Valentina de Figueiredo, na zona sul de João Pessoa.
Egídio de Carvalho foi preso na segunda fase da Operação Indignus, deflagrada pelo Gaeco do Ministério Público da Paraíba, nesta sexta-feira (17). A prisão foi determinada pelo desembargador Ricardo Vital, do Tribunal de Justiça da Paraíba (TJPB), devido à “possibilidade de ocorrerem novas fraudes”.
A determinação das prisões foi do desembargador Ricardo Vital, do Tribunal de Justiça da Paraíba. O pedido inicialmente havia sido negado pelo juiz da 4ª Vara Criminal de João Pessoa, mas o Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) recorreu da decisão. O desembargador elenca a garantia da ordem pública, a conveniência da instrução criminal e o asseguramento da aplicação da lei penal para justificar as prisões.
A reportagem entrou em contato com a defesa de padre Egídio, mas não obteve retorno.
Ex-funcionárias também passaram por audiência de custódia

Além de Egídio de Carvalho, também foram decretadas a prisão de duas ex-funcionárias do Hospital Padre Zé: a ex-diretora administrativa, Jannyne Dantas, e a ex-tesoureira, Amanda Duarte, suspeitas de participar de um esquema de desvios de recursos públicos estimados em cerca de R$ 140 milhões, de 2013 a setembro deste ano.
Os mandados contra elas também foram cumpridos. Amanda vai cumprir prisão domiciliar com tornozeleira eletrônica, por ter um filho de 4 meses em amamentação exclusiva, enquanto que Jannyne vai ficar no Presídio Júlia Maranhão.
O desembargador Ricardo Vital atendeu a um pedido da defesa de Amanda Duarte Silva Dantas e converteu o decreto de prisão preventiva dela em domiciliar. O pedido foi apresentado antes mesmo de ela se apresentar à Justiça devido ao fato dela estar com um filho de apenas 4 meses, ainda em fase de amamentação exclusiva.
Procurada pela reportagem, a defesa das duas mulheres afirmou que não há elemento probatório que confirme que elas tenham se beneficiado de verbas do Hospital Padre Zé.
“A defesa das investigadas Jannyne Dantas Miranda e Silva e Amanda Duarte da Silva Dantas, vem por meio desta nota reiterar, de modo veemente, que apesar da vastidão de documentos colecionados na operação Indignus, nenhum elemento probatório dá conta de que as mesmas de algum modo tenham locupletado-se pessoalmente ou por meio de terceiros, de verbas oriundas do Hospital Padre Zé, sendo certo que, tais afirmações podem ser percebidas desde já, mas contudo, serão devida e cabalmente comprovadas no curso processual”, afirmou.

Esquema do Padre Egídio envolveu emendas parlamentares
O Hospital Padre Zé recebeu só neste ano R$ 1,3 milhão em recursos provenientes de emendas parlamentares vindas de vereadores de João Pessoa e de deputados federais. A informação foi divulgada pelo jornalista Luís Torres, durante o programa Arapuan Verdade, da Arapuan FM.
Foram duas emendas vindas de vereadores da Capital. Uma no valor de R$ 281 mil cada e uma a outra de R$ 180 mil.
O Hospital Padre Zé também recebeu duas emendas vindas de deputados federais. Uma teve o valor de R$ 442 mil e a outra de R$ 400 mil. Os valores, como notado pelo ClickPB, podem ter sido desviados pelo ex-diretor presidente do hospital, o padre Egídio de Carvalho, que é investigado pelo Ministério Público por crimes contra o Padre Zé.
Posicionamento da Arquidiocese da Paraíba
Em nota, a Arquidiocese da Paraíba afirmou que está consciente de sua responsabilidade e compromisso com a transparência e integridade. Informou que está colaborando integralmente com as investigações em curso, respeitando o segredo de justiça estabelecido pelas autoridades competentes.
Quanto ao processo Canônico do Cônego Egídio de Carvalho Neto, esclareceu que o procedimento foi instaurado em 27 de setembro de 2023 e está seguindo seus trâmites normais.
“Reforçamos nosso compromisso com a transparência e manifestamos total apoio às autoridades competentes, colaborando de forma irrestrita para que toda a verdade sobre os eventos em questão seja esclarecida”, afirmou.